segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

É impossivel ser sempre forte!

Há dez anos, antes de ser operada nos Estado Unidos tive durante um ano de médico em médico. Inicialmente para descobrir o que tinha, depois para saber o que se poderia fazer ? Onde? Quando? Quem? Como? Quais as consequências?
Foi um ano tramado mas que Graças a Deus com contactos, muito amor e paciência conseguimos a melhor solução com um dos melhores médicos e felizmente tudo se resolveu da maneira mais prática e simples.

Desse ano gravo muitas memórias. Nunca me hei-de esquecer dos imensos exames que fiz e do desconfortável que eram. Tive a sorte de apanhar enfermeiros e médicos competentes mas não me livrei das exceções.
Uma das exceções marcou-me! Ainda hoje me agonia e me recordo como se fosse hoje! A falta de cuidados que tiveram, o despreendimento com que fui tratada e a sensação de me sentir mais um bocado de carne com olhos no meio de tantos foi surreal!
Nesse dia escrevi no livro de reclamações! Reclamei o meu direito de enquanto doente ser pessoa e merecer ser tratada com todo o respeito e dignidade. Acredito que seja complicado para estes profissionais não tratarem o sofrimento por tu e facilmente caírem no desleixo de o desprazerem e esquecerem que cada doente é um doente!
Cada doença é uma doença e acima de tudo somos todos pessoas com sentimentos que merecem ser bem tratadas e honradas!
(Uma pessoa que tenha elegido como profissão ajudar e tratar o outro não terá que pôr paixão, empenho e coração nas suas ações? 
-"A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração." Madre Teresa de Calcutá)

Feita a reclamação, mal saí do hospital recebo um telefonema da minha avó! Ainda ressentida do exame a minha voz deve ter soado baixinho e do outro lado começou um raspanete para acordar e ir para as aulas! Imediatamente soltou-se em mim um choro enorme sem fim!
Entre soluços e nervos tentei explicar que não estava a dormir, que não estava nas aulas! Que tinha acabado de fazer um exame muito desconfortável e não sendo suficiente ainda piorou quando abriram a porta que dava para a sala de espera dos exames!
Chorava ali agarrada ao telemóvel! De cansaço de tantos exames, de saturação de tanta procura! De querer respeito e alguém ali comigo que me desse a mão e me limpasse as lágrimas! Alguém que sem culpa do que tinha me consolasse!
Do outro lado, ficou um silêncio tremido e arrependido. Aceitou a minha revolta sem me exigir menos indignação e mais respeito porque apesar de ser exigente e severa percebeu que a minha brutidão e revolta não eram com ela, a minha desilusão e raiva não eram para Ela. Sentiu-se impotente no meu sofrimento e permitiu-me libertar todas as minhas angústias e medos. Deixou-me tirar a capa de fortaleza e ser fraca por instantes!
Nela queria apenas o conforto e aceitação de que eu não sou nem serei tão forte como Ela. De que estar doente nem sempre é fácil. Doar o nosso sofrimento a causas maiores e aprender com a dor é complexo e tramado. Suga-nos lentamente todas as reservas de energia, confiança e sem darmos conta rebentamos!
Vamos ficando menos piegas, mais frios e distantes. Evitamos os remédios e mais remédios e começamos a adiar e odiar as idas aos médicos. Entra-se no mundo da saturação!

Não acho que seja piegas, não acho que me queixe por tudo e por nada até porque nunca me permitiram fazê-lo! Aprendi a engolir a dor e não chatear os outros mas nem sempre é fácil!
Nem sempre é fácil entrar em hospitais e estar sozinha. Nem sempre é fácil olhar para o lado quando nos põem o soro, fazermos exames sem saber o resultado, vermos pessoas piores que nós a não terem uma mão ao lado e ali meio perdidas...
Não foi fácil na sexta-feira fazer um exame tramado que por ter sido mal feito me fez ficar rodeada por um mar vermelho. Não é fácil esquecer. É complicado gerir e acreditem que o estar calejada em maleitas e ter um "hotel" como segunda casa não diminui o sofrimento, não apaga o que o corpo sente e o espirito não perdoa!
Desta vez fui mesmo mariquinhas! Agarrei com toda a força a mão de uma auxiliar que ainda hoje deve ter tatuada as minhas unhas e estiquei todos os dedos dos pés o mais que consegui! Entre médico e enfermeiras não fui bebé e aguentei-me a todo o esforço mas mal o Manuel chegou foi impossível não deixar escorrer as lágrimas que por obrigação e orgulho não permiti que saíssem! Escorriam descontroladamente enquanto ele querido e paciente as limpava e com o olhar me dava conforto e segurança. Foram o suficiente para que me sentisse protegida e deixasse que a calma lentamente se apoderasse de mim! Passado horas e melhor já estavamos em casa a recuperar.

Graças a Deus e a muitos bons corações tenho tido várias mãos perto de mim! Vários olhares ternos e dedos suaves a limparem-me as lágrimas quando estas caem de desespero, cansaço ou medo.
Muito obrigado a todas estas mãos que me vão tornando estas passagens pela minha "segunda casa" mais suaves! Muito obrigado por me confortarem o coração e aliviarem a alma!
Gostava que cada doente tivesse uma mão para apertar quando vai fazer um exame, quando espera e desespera por um resultado, quando chora pela falta de alguém ali.
Entre pensamentos e medos que nos invadem nestes processos de entradas e saídas, olharmos para o lado e termos alguém que amamos e nos ama é bom, é bonito, é confortante!
São estas pessoas que nos chamam à realidade e nos lembram que tudo vai passar e vale a pena estarmos cá! São estas pessoas que nos tornam especiais e não nos deixam desanimar e desistir!
São vocês que com os vossos gestos e palavras nos fazem ser mais fortes! Que nos amam e acreditam que no final de tudo o nosso amor consegue ser superior a todas as dores, a todos os exames mal feitos, a todas as incertezas e dúvidas! São vocês meus queridos que me fazem sorrir!

Adorava não saber sequer o que é ter saúde porque a verdade é que só lhe damos valor e nos apercebemos do que realmente significa quando esta fica escassa...
Ao pé de muitos as minhas maleitas ainda são saúde e sinto-me ingrata quando estes acessos de raiva e revolta chegam e os deixo entrar!
Sei e agradeço muito a minha vida mas como pessoa não sou perfeita! Não consigo engolir sempre a dor e ser forte! Não sou aquela fortaleza que tão queridos me dizem ser. Sou fraca e egoísta ao ponto de ter e querer ter sempre ali uma mão e mesmo assim chorar!
A vocês tudo agradeço porque nem sabem a importância que as vossas mãos e palavras têm na minha vida!

Rezo por todos os doentes que ao contrário de mim realmente têm doenças graves e desesperantes! Eles sim poderão explodir, eles sim poderão desanimar e nem por isso se calhar o fazem! Alguns deles sem nenhuma mão amiga...
Neste meu caminho tão mas tão mais fácil que muitos outros tenho vezes como esta em que não consigo ter a humildade e paciencia necessária para aceitar e lidar com a incerteza do sofrimento!
Quando isto acontece lembro-me da oração que um amigo me ofereceu e que durante muito tempo me adormeceu e acordou e tento lá chegar:
"Nada te perturbe, Nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, Nada lhe falta:
Só Deus basta."

Santa Teresa D'Avilla

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A mulher da minha vida? Deixei-a ir...


Ontem ouvi esta música pela primeira vez e gostei! Normalmente ouço as músicas mas não ligo nada à letra  e deixo-me levar pela melodia.
Não sei porquê no meio do meu "Na na ni na ná" a tentar acompanhar o ritmo, parei na parte em que ele canta "That I should have bought you flowers".
Olhei para o Manuel e disse-lhe logo: "Há muito tempo que não me compras flores!".
Foi em jeito de brincadeira mas ficou dito para ver se pegava...
A partir daí, deixei de tentar cantarolar a música e ouvi a letra.
"Cause all you wanted to do was dance Now my baby is dancing, but she's dancing With another man" mal ouvi esta parte, a rir-me e com olhar torcista dei logo a dica ao Manuel " Não me dês flores não! Ficas assim como ele!" ;)

Hoje voltei a ouvir a música e não consegui deixar de pensar em todos os homens que perderam as mulheres das suas vidas!
Em todos os homens que já as tiveram ao seu lado e só depois de as verem voar noutros céus se lembraram do que poderiam ter dito, feito e aproveitado!
Pensei nos homens que por uma ou outra razão não o fizeram quando deviam e por isso, agora limitam-se a assistir a um presente com a consciência que não conseguem alterar o passado e que o futuro não passará por eles.
Verem aquela que mais amaram ter agora a vida que juntos entre risos e brincadeiras em tempos imaginaram e planearam mas com outro, deve ser um valente murro no estomago que os deixa sem ar e demora até voltar ao sitio...

Será que conseguem encontrar outra mulher? Será que daqui a vinte anos quando se cruzarem com as mulheres das suas vidas ainda vão tremer? Será que se casam com medo de ficarem sozinhos e ficam sempre a pensar no que poderiam ter feito? Como poderia ter sido?

Os homens são diferentes das mulheres. Acho que é mais difícil amarem verdadeiramente alguém e entregarem-se totalmente. Quando o sentem e  por teimosia sua o perdem, há-de ser um processo complexo retirar esse amor de todos os poros da pele.
Deve surgir uma reviravolta digna de mesas decoradas com copos de shots virados todos de seguida e insónias constantes.
Adormecerem e não pensarem no "e se" que os leva a sonhar com a realidade que perderam deve-se tornar quase impossivel e insuportável.
Suponho que seja assustador viver com o que se poderia ter feito mas não se fez...Acordar, quando o sonho é melhor que a realidade!

Gostava que todos estes homens voltassem realmente a encontrar o par da sua dança!
Dariam as flores que em tempos se perderam, a mão que ficou solta vezes demais, partilhariam sorrisos e tempo! Não teriam medo de correr atrás do coração e deixar por terra orgulhos e feitios. Seriam felizes e só assim fariam felizes quem estivesse com eles!

Ainda bem que o Manuel me enviou flores há uns anos! Ainda bem conseguimos e soubemos à nossa maneira engolir por várias vezes o nosso orgulho! Ainda bem que nos deixámos levar pelo que sentiamos e ainda hoje dançamos os dois!
Espero que assim fiquemos! E um dia, já corcundos e cheios de rugas continuaremos a cantar e dançar ao som do meu "Na na ni na ná"!

 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Casa é onde estou contigo!



Não gostava de ser um caracol!
Ter sempre a minha e apenas minha casa às costas! Seria solitário e teria o seu lado bom...
Teria sempre tudo o que era meu perto de mim. O conforto da minha cama, a certeza de tudo no lugar no meio da minha desarrumação, o cheiro do meu perfume! A liberdade de entrar luz apenas quando quisesse e de me deixar viajar sossegada pelas chamas de um lume ardente ao som de uma música de piano e violino...
Teria as vossas fotografias a rirem-se com os meus passos de dança e a sofrerem constantemente com a minha voz rouca cheia de ilusões de que o meu" Na Na ni Na ná ná" é música e eu cantora!

Os caracois carregam e têm sempre perto de si as paredes que os protegem do frio no Inverno e lhes dão sombra e refresco nos dias quentes e secos de verão.
Adoro ter o meu poiso! Adoro sentir que aquele espaço é meu! Que aquelas paredes são o meu ninho e aquelas janelas deixam entrar os raios de luz porque eu assim decido!
Adoro sentir isso mas apenas faz sentido quando dentro dessas quatro paredes estou com quem mais adoro! Quando para além das minhas chaves outra metade do meu coração também as tem!

Ao contrário do caracol, posso mudar vezes sem conta de carcaça, China, Brasil ou ali ao virar da esquina! Desde que tenha quem mais adore, família e amigos por perto, estou bem! Estou em casa!
Troco a certeza de andar sozinha com a casa ás costas pela incerteza e novidade da mudança contigo!

Alguém me disse que uma mudança é um incêndio onde se queimam e deixam para trás muitas coisas. Móveis partidos, copos esquecidos, pratos que já não queremos...memórias muito boas que provocam incêndios nos nossos corações e deixam saudades!
É bom termos estes incêndios e passá-los juntos! Aproveitarmos a chama das lembranças e acendermos uma lareira ali, aculá, noutro sitio! Onde for! Os dois, os quatro, todos!

Quando nos são apresentados caracois a carcaça é desprezada e valorizamos muito mais a mini fresca que os acompanha! A carcaça fica no prato e o recheio, esse sim delicia-nos!

O importante não é onde estamos mas com quem estamos!
O resto?
Vem por acréscimo!
O importante já lá mora ou vai morar...nós! <3


 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Anjo da Guarda





Anjo da Guarda!

Desde pequena que me lembro de ter em cima da cama um anjo da guarda pendurado.

Sempre vivi e senti que um anjo seria alguém que zelava por mim. Que me protegia e amparava. Alguém que estaria entre Deus e as minhas imperfeições e pecados. Não teria que ser alguém divino, poderia ser de carne e osso como os avós, que recebem os defeitos dos netos e lhes dão aconchego e mimo independentemente de tudo.
O Anjo seria o enviado de Deus que por estar tão ocupado queria garantir que todos nós estávamos sobre a sua guarida. Sobre a guarda de um anjo que nos protegia!

Sei que tenho vários anjos da guarda, sinto-o! Três deles, muito especiais que não me largam!Acredito que dê o passo que der, estão comigo! Dão-me a mão, admiram-se, desiludem-se, espantam-se, alegram-se e sofrem por mim mas não deixam de estar! Não abandonam a guarda!

Não sei se sou o anjo da guarda de alguém... Sei que vivi com um exemplo enorme de dois grandes anjos e eles sim acolheram e mimaram inúmeros corações!
Eles sim, deram vidas e multiplicaram conforto. Eles sim, transformaram, mudaram e criaram famílias, deram-lhes segurança!
Eles sim, merecem uma homenagem pela fábrica de amor ao próximo que construíram!

Acredito que cada um de nós com singelas mas significantes atitudes consegue guardar a vida de outras pessoas. Com gestos, palavras e de coração aberto podemos dar o que de mais bonito temos e conseguimos mais e melhor!

Agradeço a todos os anjos que nestes anos me têm e continuam a guardar! É bom tê-los comigo e senti-los! Umas vezes através de pessoas tão queridas que tal como vocês gostam de mim e tal como vocês também me querem guardar. Outras vezes simplesmente sei que estão ali!

Para me deitar e adormecer tranquila, nada melhor do que rezar a oração que desde pequena rezo e que, tal como os anjos, também ao longo dos anos foi tendo um aconchego:

"- Anjo da Guarda, minha companhia, Guardai minha alma de noite e de dia. Guardai a alma do Pai, Mãe, Avó Zé, Avó Nini, tio Francisco, tia Lúcia e de todas as pessoas que já partiram deste mundo. Amén"

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Fui ter contigo!

Gostavas que eu estivesse lá e estive!

Levei comigo um bocadinho de ti num dos teus lenços e entre amigos e família fui feirar!
Foi fácil estar bem no meio da manga e danças no Batalha! Sem abafadinho nem ginja não fosse a lágrima cair consegui divertir-me!

De madrugada quando voltávamos para Lisboa passámos pelas tuas paredes! O Manuel quis entrar e conhecer por dentro a casa que tantas historias conta! Cedi...e fui ter contigo!
Foi um abrir de uma porta para o quase vazio, o cair de várias lágrimas e soluços há demasiado tempo travados!
Não estavas lá!!!!! As mesas e cadeiras não tinham vida, as paredes da sala desertas, a lareira apagada e ao contrário de quando lá estavas, podiamos falar normalmente pois não estava ninguém.
Deu-me a sensação de entrar numa festa que de repente é sombra, sem luz, sem bolo e confetis, sem agitação e confusão!

Muitas vezes nos disseste "Aproveitem que em acabando a macaca acabou-se a comédia!". Dizias a rir-te para te darmos valor e aproveitarmos todos os momentos bons que tão bem sabias, que sem ti, não seriam os mesmos!

Não o são! Dificilmente o voltarão a ser! Tinhas razão!
Devemos aproveitar os momentos que sabemos apenas serem conseguidos se forem com aquelas pessoas! Se forem naqueles sitios!
Ainda bem que aproveitei aquela casa contigo! Ainda bem que amigas minhas viveram aquela casa cheia de ti! Felizmente guardo memórias boas que me vão dando alento ao coração e que espero um dia conseguir transmitir a filhos e netos! Espero que também eles conseguiam fazer daquelas paredes uma felicidade e chegar perto da vida que tu eras ali!

Os tempos mudam, as vontades alteram-se e nada se volta a repetir! Sei que estás comigo e talvez por isso, ontem mesmo de coração apertado aproveitei um bocadinho com aqueles que também são teus! E gostei! :)

sábado, 3 de novembro de 2012

Não fujo de ti mas da dor de sentir a tua falta! Desculpa.



http://www.youtube.com/watch?v=jzF_y039slk

Sei que gostavas que aí estivesse...

No sítio que te enchia o coração e dava energias para o resto do ano. Onde realmente estavas e sentias em tua casa!
Filhos pelos quartos do comboio, netos e amigos pelos sótãos, netas na casa do lado com tios e amigas.

Ali via-te feliz! Era a conjucação perfeita entre o Sol e a chuva! Naqueles dias vivias e caminhavas num arco-íris. Ganhavas um brilho nos olhos e o teu sorriso de garota marota voltava!
Estavas em casa! Sem luxos e manias era ali que te sentias mais tu!
Davas o ar da tua graça na feira onde disfarçadamente admiravas aqueles que mais amavas mas surrateiramente voltavas para o teu ninho! Trocavas a confusão pela tua cadeira à lareira onde de dia e de noite éramos embalados e alegrados pelo relinchar dos cavalos! Vias quem chegava pelo meio das laranjeiras e punhas tudo a mexer!
Ao contrário de mim, ali não precisavas de abafadinhos para te aconchegarem a alma porque mesmo sem modormias tinhas casa cheia e sei que bastava isso para que o teu coração ficasse satisfeito!
Ali era fácil, ali as paredes foram pintadas com aquilo que nos junta e faz sorrir: o amor! Paredes que contam histórias e guardam tanto de Ti! Paredes repletas de dias felizes e momentos cheios de recordações fantásticas!

Sei que gostavas que aí estivesse, a esta hora já a dançar e divertida!

Eu também gostava de te ter a entrar pela porta do nosso quarto a perguntar em modo de afirmação se não iamos à missa! Quando sabias que já o galo cantava e ainda estávamos acordadas a dar os últimos passos de dança!
Talvez a missa fosse o pretexto para te certificares que o teu rebanho estava todo em casa seguro.
E o que eu não dava para ter essa sensação amarga do teu despertar! Trocava um mundo e outro para que em todas as noites pouco dormidas me chamasses para ir à missa!

Gostava de te ver ali a encher a casa com a vida que só tu lhe conseguias dar!  Da mesma maneira que um pôr do sol só é extraordinariamente bonito se for admirado naquele instante também as paredes deixavam de ser paredes e contigo ganhavam vida! Enchias e mexias com todos nós! Davas magia e emoção! E o teu tempo já passou...

Não consigo! Deixa-me ficar por aqui...a relembrar as alegrias e euforias!A gargalhada forçadamente engolida quando nos falaste a todas dos "shops" e cada vez que dizias a palavra todas em fila engolimos em seco e olhávamos para baixo para não sair um riso geral!
A laca exagerada que nos punhas no cabelo, a força com que nos apertavas a cinta, os brincos pendurados, a saia por baixo das pernas e lá iamos nós...

Vou feirar para outros sítios, onde as castanhas sejam apenas castanhas e não espere nelas matar saudades de bocadinhos teus! Onde não haja tanta coisa tua! Vou estar onde ainda possa chorar a tua ausência em segredo e assim tente fugir destas saudades avassaladoras que teimam em ficar e ficar!
Deixa-me desta vez ir pegando o touro devagarinho porque é insuportavel procurar por ti e não te encontrar!
Deixa-me ser fraca e fugir de ti! Ter medo de te procurar e não te encontrar!
Aquela casa eras tu e tem tanto de ti que ir ter com o vazio ainda é impossivel para mim! Ainda não sei parar de pensar em ti! Ainda não sei parar de te ver em tudo! Não vou parar de te amar...mas não consigo!

Não fujo de ti mas da dor de sentir a tua falta! Desculpa.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Culpo-O pela minha Felicidade!

Quando alguém que amamos parte inesperadamente cedo demais. Quando uma mãe tenta não repartir a sua dor e sofrimento de um cancro. Um pai num palheiro faz disparar o fim de uma vida! Um filho morre num acidente e uma criança desesperadamente chora por cada marca deixada por alguém mais velho!
Quando vemos os que mais amamos e aqueles que não se podem defender a serem consumidos pela vida também nós sofremos! Penamos! Choramos!
Desesperamos pela dor imensa e massacramo-nos com a incapacidade de voltarmos atrás, de trocarmos, de darmos a vida por eles! Não conseguimos aceitar a impossibilidade de voltarmos atrás no tempo e suavemente alterármos as variáveis da equação.
Não queriamos um renascer total, bastava que fosse possível trocar aquele número de sitio! Aquela hora e aquele segundo! Apenas pedimos que nos deixassem baralhar tudo e fazer com que o destino também se perdesse e no fim não fosse nada mais do que um pesadelo em forma de chamada de atenção!
Mas a vida, tal como as equações merecem ser resolvidas! A vida exige-nos uma continuação! Não nos liberta do desgosto e das saudades! Lentamente faz-nos perceber que não basta sobreviver temos que viver!

Neste processo de perda de alguém que amamos em que tudo se desmorona e perde sentido e muitos de nós deixam de acreditar!
Muitos de nós preferem a negação e optam pelo facilitismo de colmatar em Deus todas as inquietudes e tristezas instaladas no coração. O Deus em quem até então acreditavam e se apoiavam deixa de existir!
Deus passa a ser afinal uma simples criação do homem como forma de entretenimento e refúgio para tudo aquilo em que não se encontra resposta!
Deus passa a ser aquele apoio de milhões e milhões de pessoas que por serem fracas precisam. Deus passa a ser aquele que se existisse não teria permitido que me acontecesse a mim! Se o permitiu, então não existe!
Posso culpá-Lo por todas as mães que fumam dois maços de tabaco por dia e têm cancro! Posso culpá-Lo pela falta de dinheiro que leva um pai de família ao desespero! Posso culpá-Lo pelo filho num dia de chuva que com o seu desejo de aventura bateu num camião quando o ultrapassava numa curva! Posso culpá-Lo pelas bofetadas que um pai alcoolizado dá nas filhas no meio da rua!

Poder, posso culpá-Lo de tudo! É o mais fácil! 

Não seria então, segundo este raciocinio obrigada a culpá-Lo, a revoltar-me contra ele e duvidar também da sua existência cada vez que sorrisse? Culpá-Lo por cada sucesso profissional alcançado? Culpá-Lo por cada vez que me emociono e apaixono?
Não teria também que o questionar e abandonar cada vez que se apoderasse de toda a alegria e felicidade e a distribuísse por mim e por todos os que me rodeiam?

Teríamos que o fazer mas não o fazemos!
Custa-nos agradecer e reconhecer! Quando está tudo bem somos nós, poderosos e auto suficientes, cheios do nosso ego mas quando alguma coisa falha já deixamos que o super ego adormeça e esqueça que existe!
É extraordinariamente fácil cruxifica-Lo e culpá-Lo de todas as coisas que nos magoam e não conseguimos explicar mas por outro lado somos incapazes de O culpar por todas as coisas fantásticas que nos acontecem! Por todos os corações cheios , por um simples respirar!
Tendemos a ser fracos! Tendemos a optar pelo mais fácil e atacar quem mais nos ama! Preferimos fugir com a desculpa que deixámos de acreditar pois se É omnipotente e presente não permitiria que os nossos corações fossem destroçados! Optamos por escondermo-nos atrás Dele e fugir ao confronto das leis da vida!
Custa dizer a minha mãe tem um cancro porque optou por fumar, o meu pai suicidou-se porque nao teve a coragem suficiente para como homem falhar perante a familia, o meu filho não teve atenção e ao fazer uma contraordenação bateu num camião e morreu, o meu vizinho esbofeteia a filha eu ouço e não faço nada e por isso cada marca tem um dedo meu!
Custa tratar as coisas pelos nomes! 
A mim custa-me mais fugir dos nomes e da realidade! Perder o sentido da morte e esconder-me cobardamente atrás de Deus! 
Deus criou-nos! Por nos amar deu-nos a liberdade! A possibilidade de escolhermos amá-lo ou não, acreditar ou não! Permite-nos duvidar e afastar Dele.
Dá-nos sobretudo a possibilidade de fazermos um caminho nosso. De optarmos pela direcção a seguir. De o fazermos com ou sem Ele e nesse caminho espera que aconteçam erros, dúvidas, medos e incertezas!  Não nos deseja a infelicidade mas quando esta surge está a dar-nos a mão!
É o primeiro a querer que nas nossas escolhas consigamos aprender, crescer e ir dando um sentido ao estar vivo. Ao amar e ser amado! 

É isso que eu acho que Deus nos pede, não para questionarmos o que aconteceu, mas por e para que é que aconteceu?
Que perdi? Que ganhei? Que vou fazer com tudo isto? Ficar mais forte ou enfraquecer? Deixar-me consumir e  ir perdendo também eu a vida? Ou devagar ir dando valor ao que tive e tenho?

Ninguém disse que ia ser perfeito! Ninguém disse que íamos conseguir mas somos mais do que crianças a jogar às escondidas. Somos mais do que Homens a culpar alguém em quem supostamente não acreditamos! Se O culpamos é porque mesmo que não queiramos aceitá-Lo, achamos que existe!

Respeito quem não acredita, quem não o sente e acredita noutros Deuses ou em nenhum!
Nunca iria deixar de acreditar Nele pelas saudades que sinto de pessoas que amo! Nunca iria deixá-Lo assumir  o peso de decisões e atitudes que não as d'Ele.

Agradeço-Lhe estar comigo todos os dias e ter a enorme  paciência  e bondade cada vez que mudo o sentido da minha vida e também o perco! Cada vez que ponho em causa o que andarei cá eu a fazer?!
Agradeço-Lhe todos os sinais que consegui ver e me fizeram acreditar no amor e no perdão!
Agradeço-Lhe os meus pais, os meus avós, a minha família, os meus amigos e todas as pessoas que passam por mim e me dão alguma coisa.

Culpo-O sem dúvida alguma pela minha felicidade!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Saudades da Ternura...

Com afecto alguém comprou aquela Nossa Senhora da Ternura que delicadamente pegava ao colo o seu filho. Alguém vos ofereceu esta escultura pintada a branco e ainda hoje está na sala a olhar por nós.

Felizmente vivi com muita ternura. Nem sempre foi fácil chegar à meiguice mas quando a conseguimos foi extraordinário. Como tudo o que é fabuloso exige dedicação e tempo também entre nós a ternura para ser alcançada nos pediu tempo e espaço, paciência e conhecimento.
Com carinho tudo foi surgindo, tudo foi ganhando sentido. Entre frieza e dureza surgia um mimo, um aconchego que com amizade e erros fomos aprendendo juntos a sermos queridos. Cheios de benevolência começámos a perdoar em vez de desculpar e fraternamente passámos a amar em vez de adorar!

É fácil identificá-la! A ternura sente-se no tom de voz, na maneira querida e simpática como dizemos um bom dia ou boa tarde. Evidência-se num pequeno gesto e deixa-se descobrir num olhar profundo, brilhante e acolhedor.

Um beijinho de boa noite tem que ser dado enternecidamente para que os sonhos também o sejam.  O coçar de uma cabeça merece ser feito com simpatia e o desenrolar de linhas entre agulhas nas mãos de uma avó deve ter dedicação e carinho.
Ter ternura é entender com subtileza e fraternamente o outro. É sermos meigos quando ouvimos um problema e gentilmente darmos a mão ao cair de uma lágrima. É despedirmos alguém com a compaixão necessária para que no meio de toda a revolta e tristeza a pessoa se sinta digna e respeitada.

Ainda estou a crescer e faz-me falta a vossa ternura! Sinto saudades das camisolas de interior feitas por Ti, da ternura com que deitava a cabeça no teu colo e me davas festinhas! Sinto falta do amor com que simplesmente perguntavas se estava bem? Preciso da tua terna preocupação comigo.

Talvez o próximo investimento seja uma Nossa Senhora da Ternura igual à que vos demos! Talvez na minha sala também ela olhe mais por mim e me aconchegue nestes dias de chuva que puxam tanto às saudades e mimos.
Talvez ao tê-la ali cada vez que sentir falta e saudades as consiga preencher com a Graça de já ter tido ternura e assim rezar por todos os que infelizmente a desconhecem e por isso nem a reclamam.

Espero um dia conseguir ser ternurenta e ter esse brilho nos olhos de vez em quando!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tivesse eu nome de homem!

Numa das aulas do curso de Formação Geral para o Voluntariado, que fiz há uns anos, fizemos aquele jogo de colar papeis na testa para os outros verem e lidarem connosco consoante o que temos escrito.
Lembro-me que quem se sentiu pior foi o que tinha o papel em que estava escrito "IGNOREM-ME"!

Ser ignorado significa que nem se considera e quando não se considera é porque não se conhece ou não quer conhecer! Ignorar é o expoente máximo do desprezo! É fazer do outro fantasma e invisível! É nem sequer permitir que chegue a acontecer o respeito de simplesmente existir e estar ali.
É dificil lidar com a indiferença e quando vem de outros que não nos dizem o suficiente é menos duro e conseguimos ir ultrapassando e também nós ignorando. Mas quando aqueles que conhecemos, que amamos e consideramos nos ignoram? Ignoram a nossa felicidade? Será fácil abstrair e resolver este sentimento tão complexo dentro de nós?

Acabamos por perceber que afinal desconhecemos o outro lado, a realidade dura e crua vai-nos sendo revelada e declarada friamente tornando-se implacável nos nossos corações!
 Desiludimo-nos com a imagem reflectida no espelho quando vemos que o outro não é mais do que uma ilusão e por isso apenas nos vemos a nós. 
À semelhança do que sentimos criamos uma imagem e sentimento que achamos ser reciproco e talvez esse seja o maior erro. Talvez agora, não me custasse tanto assistir a um desconsiderar tão grande e duro! Talvez agora também conseguissemos facilmente fingir indiferença, desconhecimento!

Mas quando se sente! Quando se ama a todos e cada um de uma maneira especial e os levamos no coração sentimos cada falha do outro como uma lança no coração que vai sendo empurrada devagarinho. Talvez por isso as falhas sejam sentidas de maneiras diferentes simplesmente porque não amam, preocupam-se! É legítimo! Não tentem forçá-lo porque um simples olhar facilmente vos denuncia! Uma mensagem escrita espontaneamente enaltece esse vazio, essa distância e não querer saber!  
O erro e ilusões criadas foram minhas, assumo! Não ousem usar o amor que sinto como chantagem para as faltas de atitude que em nada têm de amor!
O amor não se dá em quantidades pequenas para fazer figura. O amor move montanhas e dá sorrisos! Não é porque já se escalou parte da montanha com ajuda de outros que se ignora os que vão a meio caminho a pensar no futuro dos que ainda estão a dar os primeiros passos! Apesar de não quererem permitir e de dificultarem o alcance ao cume, a pessoa que lá está ainda merece respeito e consideração! Ainda respira, pensa e sabe o que faz! Não ignorem isso para vosso proveito e reforma!
A ignorância alienada à desilusão é a pior tempestade que algum alpinista poderá ter no seu caminho!

Tivesse eu nome de homem e bigode que poderia não ser amada mas ignorada não seria de certeza!
Como tenho olho azul, sardas e o meu primeiro nome é Maria vou seguir a minha escalada já a saber com o que não conto e fazer pelo que mereço: as bases e instrumentos minimos para chegar ao cume da montanha feliz e contente! :)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Resignar é ir morrendo!


http://youtu.be/xXtVBJDPs6k

Resignar

Acho que é dos verbos que mais odeio e que sempre que o ouço ou leio numa mensagem, num texto ou olhar de alguém me aterroriza e amedontra.
Resignar é perder todos os dias parte de nós! É permitir e deixarmos que lentamente pedaços do nosso eu deserte num mundo que não é o que deveria ser! Quando nos resignamos acabamos por sacrificar-nos e exonorar-nos, sem ou a darmos conta! Abandonamos o que nos preenche e satifaz como se fossemos um papel largado e abandonado no lixo. Abstemo-nos de nós e renunciamos à entrega total das nossas capacidades e emoções para darmos lugar a um desanimar facilitado e conformista.

Eu própria me conformo com o meu trabalho e uso as desculpas que com a actual crise facilmente são permitidas e aceites para continuar a fazê-lo.
No que respeita a valores, a sentimentos,a tudo aquilo que não tenho que retroceder para viver! A tudo aquilo que me torna pessoa sem em troca receber dinheiro, aquilo que me preenche o coração, a isso, não me resigno!

Luto, acredito, procuro, choro, riu e tento que cada gesto tenha ânimo e seja sentido!
De que é que vale a vida se nos resignarmos a apenas gostar e não amar? De que valerá a vida se apenas quisermos ser amigos quando tudo corre bem e quando o mal surge decidimos viajar? De que vale a vida se o coração não se encher realmente de sentimentos puros e intensos?

Resignar é fraqueza, é medo, insegurança mas essencialmente deixar que a vida se apodere de um infindável eco onde nos iludimos que existem os outros e apenas fingimos que existimos!
Criamos a ilusão de que se tivermos sempre alguém que nos responda, mesmo que seja o nosso eco, seremos felizes porque nao estamos sozinhos!
Enganam-se, nem o nosso eco se resigna a estar uma vida inteira a repetir-nos!
Tudo o que não sai do coração facilmente cai no silêncio da solidão!
Solidão que nem sempre é só a nossa. Por norma levamos sempre outras vozes que foram tentando fazer eco connosco. Também elas nunca pararam para escutar com atenção e perceberem que duas vozes falavam mas o eco apenas devolve uma...a que se entregou ao vazio e optou por perder a vida e deixar-se levar insonsamente!

A vida é um milagre extraordinário por isso não podemos desertar, não podemos apenas ir estando e declinar no passar do tempo a nossa existência, temos que viver!

Há que amar quem está ao nosso lado com todas as forças e cada dia mais um bocadinho! Não existe o gosto mais ou menos! Ou se gosta ou não se gosta! Há que procurar o mais e não o menos que falsamente parece mais seguro! Os dois corações têm que bater e crescer  a dobrar não pode ficar apenas um, pequeno e sempre em esforço para transportar os dois!

Há que adorar pai e mãe e enchê-los de beijinhos e abraços! Há que dizer hoje o que se sente e não deixar para o dia quando já não ouvirmos! Há que sorrir de beiços rasgados e brilho nos olhos!
Há que chorar e deitar lágrimas de saudades e tristeza! Há que roer as unhas de nervos e ansiedade! Há que ficar com dores de cabeça de tanto gritar para marcar uma posição! Há que valorizar um pequeno almoço, uma casa a ser montada, uma cama feita! Há que no meio de uma noite entre amigos olhar em volta e ficar de coração preenchido por estar ali e os ter!
Se dermos valor ás pequenas coisas todas juntas tornam-se gigantas e só assim percebemos que somos dotados de coisas boas e que também nós, se vivermos, podemos todos os dias fazer pequenos milagres!

Resignar não é viver é ir morrendo devagarinho e matando quem está ao nosso lado!

Há que abandonar e despedir a resignação nos nossos corações e VIVER de coração aberto! Viver!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O raio que ilude ser Sol!

Adoro a vida! Adoro o que de mais extraordinário ela nos dá: as pessoas! Dá-me prazer conhecer muitas e se possível gostava de ficar amiga de mais!
 Admiro imenso a diversidade existente em cada um e interesso-me pela complexidade que é percebermo-nos e entendermo-nos! Sempre olhei para o outro com preocupação...
Um miúdo com olhar triste na rua dá-me que pensar, faz-me imaginar as mil razões para existir aquele olhar triste e perdido.
Levo comigo durante algum tempo o sofrimento que vi e senti. Carrego a vontade irracional de conseguir dar abraços sem razão, de chegar a estes que aos meus olhos me parecem desconsolados e distantes da vida!
Infelizmente não consigo! Tenho medo de me intrometer noutra vida que não a minha! Não tenho tempo, estou de passagem e o miúdo de olhar vago e disperso não é meu, é dele e da sua família! É difícil gostar do outro, é quase impossível amar puramente um outro que não é nosso e mais falso é dizer que facilmente o conseguimos fazer!
Adoro a vida e detesto a falsidade! Não vivo bem com o dito por não dito! Custa-me o fingimento!
Se assumo que não consigo estar para o outro como ele merecia, se apesar de não me conformar aceito essa falha e cobardia, porque é que parte de vocês tem de continuar a persistir na ilusão criada de que estão e estiveram sempre presentes?
Porque é que tens o descaramento de dizer que estiveste sempre presente e descaradamente vais-me cobrando essa presença?
Porque é que quase me exiges um agradecimento e louvor pelo que tu achas que fizeste?

No meu mais recente namoro por cartas recebi uma em que dizia que agradecia demais coisas que não eram mais do que obrigações! Que não tinha que agradecer tanto porque quando se faz com o coração não se espera gratidão, simplesmente faz-se!
Não me passa pela cabeça dizer e reclamar que ajudo muitas famílias, que mudei a vida de pessoas quando simplesmente vou sendo a mão que chega através de muitas outras!
É inconcebível para mim assumir que ajudo e estou presente para mascarar o peso que tenho em não ter ajudado mais, em não chegar mais longe! Em não ter estado mais presente e percebido a tempo os sinais daquela mãe que todos os dias era espancada e acabou por fugir!
Torna-se surreal quando alguém acha que se pode iludir e criar uma imagem de presença e amor quando tal não aconteceu!

Amor é o que faz uma mãe fugir e um pai trabalhar dia e noite para que os filhos acordem e tenham pão! Amor é saber, conhecer, perceber e estar!
Não existe o amar de vez em quando e aos bocadinhos quando nos apetece e dá jeito! Amar exige uma continuidade que nos faz lutar todos os dias um bocadinho para que no meio do inferno haja um raio de luz!

Há que ter consciência que não és o Sol! Foste um raio de luz que aparecias quando querias! Nos momentos de trovoada foste sempre o primeiro a esconder-te atrás do facilitismo da primeira nuvem! Quando decides aparecer e estar presente és óptimo e amigo mas mesmo perto foste desaparecendo…
Não queiras tornar-te no Sol porque te fica mal! Cais no ridículo e infelizmente escolhes a pior maneira de o fazer! Desces baixo e magoas-me! Consegues transformar-te num raio arrepiante no meio de uma trovoada! Consegues manchar o bom que fizeste e vais sendo!
Percebe, que o papel que pretendes ter foi tendo a lua de olhos verdes e nem por isso me exigiu nada!
Não quero que me ames como amas os teus, dou-me por satisfeita se simplesmente não caires na ousadia e mentira de dizeres que o fazes!
Tens uma ferida enorme no teu coração, podes dormir mal e guardares no teu silêncio inúmeras perguntas sem resposta mas não é isso que te dá o direito de me magoares porque sim!
Porque não consegues encarar as tuas fraquezas decides descaradamente atacar as minhas?

Não queiram ter o brilho de uma estrela que não é a vossa! Deixem o brilho para quem realmente merece!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Amar um homossexual!

Muitas vezes falei entre amigos, muitas vezes pensei e repensei nisto de ser heterossexual  ou homossexual! Apeteceu-me escrever sobre o assunto mas sendo um tema que causa controvérsias e divergências e do qual não tenho conhecimentos suficientes para ter mais do que a minha simples opinião e maneira de ver este mundo acabei sempre por não escrever.


Gosto de pensar nestes casos como se acontecessem a alguém ao meu lado, a alguém da minha família! E se um dia tiver um filho homossexual?
Esforço-me por tentar ver assim e contrariar o facilitismo com que falo de conhecidos, dos outros que não são os nossos! É fácil construirmos preconceitos e barreiras com outros distantes e a quem não amamos. E se forem os nossos?

Alguém me disse que se um filho fosse homossexual não o conseguiria olhar e amar da mesma maneira. Iria ficar tão triste que não ia conseguir ser o mesmo e o seu filho iria perceber e afastar-se.
Não consigo concordar com isto! Não consigo imaginar que o amor de pai ou mãe deixe de existir por isto. A leveza com que nos esquecemo-nos que somos seres diferentes  cheios de espirito e alma que dão vida ao nosso corpo é muita e fácil!

Duas pessoas por desejo e escolha decidem ter um filho! Optam os dois por gerar um ser que não pediu para nascer, vai fazê-lo porque eles assim o quiseram! Quiseram dar vida à ao amor que sentem e por isso mesmo cuidar dele, amá-lo, educa-lo e respeitá-lo!
Comprometem-se a estar sempre presentes na criação da sua obra prima! A dar-lhe as melhores tintas, as mais diversas cores os mais belos horizontes! Por amor fazem tudo para que esta vá nascendo e crescendo na melhor tela. Tentam conseguir as melhores e diversas cores para que a pintura consiga nos seus dedos ficar cada vez mais bonita e de óptima qualidade! Aprendem técnicas para quando um pincel deixar cair uma gota de tinta ou uma mão tremer, conseguirem emendar e recuperar a pintura! Compram uma moldura bonita e clássica, cheia de história e simbolismos e anseiam que o quadro que idealizaram se finalize! Tudo terá que ser perfeito! As bases são óptimas, os materiais espectaculares, a moldura extrordinariamente bonita e rara! A parede já fora escolhida e reservada há anos!

Exposição inaugurada, champanhe e aperitivos deliciosos e bem servidos! Ambiente descontraído e curioso. Mãe e pai tiram o pano que irá desvendar e mostrar a todos o enorme orgulho que têm da sua obra prima, do seu mais que tudo! O pano cai, o quadro que está na tela tão bem escolhida, na moldura tão bem polida não é o que eles queriam e esperavam! Não é o quadro que fez os convidados aplaudir e licitar, pelo contrário, entre olhares de espanto e malvadez disfarçam um grande wow !
A pintura exposta desilude as expectativas criadas. Destrói sonhos e investe contra a normalidade aceite! A pintura final mesmo não tendo sido criada pelos pais causa-lhes embaraço!
Sentimentos menos puros, como a vergonha e medo da sociedade, ganham força e quase anulam o amor que têm pela obra prima, criada e amada pelos dois!
Onde é que falharam? Nas tintas? Nas paisagens? Terão sido eles os pinceis mais fracos?
Não há falhas quando se pinta um quadro, há amor e respeito pela obra que se está a criar!  A única falha é quando se deixa de amar uma obra por ela não ser aquilo que pretendíamos!

 
Valerá a pena abandonar uma obra tão pura e bonita, uma obra que expõe toda a nossa ingenuidade e alma  só porque é diferente de nós? Só porque a sociedade não a admira e considera obra de arte?

Acho que não! Nenhuma obra deve ser abandonada e desrespeitada!
Ainda não sou mãe! Sou filha, irmã, neta, sobrinha, prima, amiga e namorada. Conheço e vivo estas maneiras de se amar o outro! Sinto-as de uma forma tão intensa que me custa muito imaginar um amor de mãe e pai morrer por isto!
Imagino que custe deitar por terra a normalidade incutida por todos nós e aceitar que temos nossa uma pintura diferente que também criticamos e recusamos ver. Custa imaginar um bailado diferente daquele que dançamos! É difícil libertarmo-nos daquilo que queremos, dos nossos medos e amarmos os nossos tal como são. Mas isso não é o que se pede de uma mãe e de um pai? Que corram o risco de criar um quadro sem saberem que pintura terá e mesmo assim amá-lo?

Tenho pena de todas aquelas pessoas que não conseguem ser felizes tal como são! Independentemente da minha educação, dos meus princípios, da minha maneira de estar e dos valores de família que tenho, não me sinto bem quando vejo pessoas infelizes!
Faz-me confusão quando deixam de o ser, não pelo peso de terem morto, roubado, drogado, vigarizado ou espancado alguém mas simplesmente porque dentro das suas diferenças não conseguem encontrar um lugar na sociedade! 
Todos temos o direito de sermos quem somos, todos temos o dever de ser felizes! Somos diferentes e na diferença não se pretende que se goste do mesmo mas que se respeite.
É fácil falarmos e afastamor-nos mas quando os outros são os nossos há que evitar tomar também a atitude mais fácil: fingir que se deixou de amar!

Há que amar e respeitar porque não nos podemos desfazer de uma obra criada e desejada por nós! A obra precisa sempre do amor e assinatura dos criadores! Afinal ser pintor é deixar-se levar pela inspiração e sobretudo amar, amar e amar a sua obra! Deixá-la andar de museu em museu, de parede em parede mas sempre com a certeza que é amada e respeitada!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hoje é o (primeiro) dia!


Desde miúda que escrevo. Ainda guardo o diário pequeno onde achava que escrevia. Passo as folhas e aparecem poemas sobre a amizade, a morte, o amor, as saudades.
Em pequena escrevia cartas aos meus avós em jeito de declarações de amor. Desde cedo usei a escrita como ajuda para dizer aquilo que sentia e não conseguia pôr em palavras.
Fui crescendo e continuando a escrever as minhas declarações de amor, fui lendo e partilhando em família este bocadinho tão profundo de mim.
Há dois anos atrás perdi uma das minha musas e a pedido de um tio escrevi um artigo numa revista em sua homenagem. Foi esse artigo que me fez criar e estrear com ele este blogue. Foi a vontade de continuar a escrever e fazer aquilo em que Ela acreditava que realmente poderia ser boa que me fez escrever e deixar ler! Os beijinhos e abraços ternurentos que recebia depois de lhe ler ou dar um texto são as melhores recordações guardadas no coração. Textos esses que com pena desapareceram no ar como as cinzas ao vento…

Tenho escrito palavras e textos soltos neste blogue e tenho recebido más e boas críticas de pessoas amigas! As más ajudaram-me imenso a perceber que teria que sair da minha monotonia e zona de conforto e aventurar-me noutros temas. É difícil escrevermos sobre aquilo que não sentimos ou forçosamente deveremos sentir! É a minha maior dificuldade, esconder o que realmente aquele texto tem de ticas e da vida da ticas.
Escrever, para quem gosta é quase como uma terapia onde entre risos e choro ponho no papel aquilo que penso e sinto! Onde o coração transporta para o papel o que sente e depois de escrito em tinta dá-nos a oportunidade de ler e reler, de nos vermos a nós! Dá-nos a hipótese de apagar, reconhecer e acrescentar.
Já perdoei depois de escrever, já senti alívio e serenidade, caos e revolta mas fica sempre a liberdade que os artistas sentem de expor o que sentem e que enquanto não o fazem é como se não fossem!

Normalmente não penso com antecedência no que escrevo. Sinto, idealizo, uso a música como isolador dos outros e do mundoe na hora deixo que as palavras surgam e que as ideias façam sentido.
O medo de me deixar ler pelos outros é sempre enorme e acreditem que cada like, cada comentário, cada partilha ou mensagem que me enviam a dizer o quer que seja é um respirar fundo de alívio!
Porque muito se diz nas entrelinhas, mais ainda nas linhas mas nunca sei o que olhos e corações dos que leem sentem.

Em tempos aquele que me ama incentivou-me a escrever um livro. Impulsionou-me a fazer uma edição limitada para a família. Chegámos a falar os dois de editoras, de custos e possibilidades mas tudo ficou pelo caminho. Pelo caminho da minha juventude ainda cheia de projetos, namoricos, saídas à noite e verões intensos onde cada segundo era imperdível.
Hoje, ainda com um medo horrível de não saber escrever sem me expor, com um medo horrível de não gostarem do que a Ticas vai pôr em palavras! Com um medo de não estar à altura do que um livro merece ser, com todos estes medos decidi começar a escrever o meu livro!

Vou começar a preencher folhas com palavras minhas, com histórias de passados e futuros imaginados. Hoje inicia-se a aventura de escrever e tentar tirar de mim o que melhor e pior tenho!
Nunca escrevi um livro, não sei as técnicas ou obrigações a ter, não sei os truques e artimanhas!
Sei simplesmente a história que quero contar e que vou começar a dar-lhe vida!

Obrigado a todos os que fizeram com que este dia de partida para esta grande viagem sem data de chegada e destino incerto chegasse!

Um dia começo a escrever um livro…hoje é o dia! Vamos ver o que vai sair ;)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Mãe que fugiu!


Ser mãe deve ser das coisas mais complexas de sempre!
 Talvez a profissão para a qual não há mestrados nem livros que ensinem como e o que se deve fazer! Ser mãe não dá para dizer Times Up, ir passear e voltar! Exige que cada dia seja uma aula e nem nestas se permite intevalos!
Acredito que passados anos muitas mães desejam voltar a tê-los dentro de si! Seguros e sossegadinho no seu cólo. Protegidos de tudo e acarinhados com um sorriso e grito de entusiamo por cada pontapé.
É uma vida a dizer não, e dizer não nem sempre deve ser fácil tal como ouvir o nosso "não posso estar", "não consigo ir", "não posso jantar hoje", deve ser um pontapé amargo na barriga de saudades de quando nos podiam ter ali porque sim. As mães vão-nos vendo crescer de mansinho e sem darem por isso também nos vão largando de mansinho. De mansinho vão-nos deixando ter a nossa vida, o nosso tecto...de mansinho também nos começam a ouvir dizer a outros, não!
Dão o colo aos filhos, a segurança de que acontença o que acontecer aquele colo estará sempre ali pronto para acolher tudo o que vier.
As mulheres enquanto mães são admiráveis, correm o mundo e se for preciso abraçam a lua para terem o melhor para os seus corações ainda pequenos e inofensivos! Transcendem-se para que o não se torne sim! Para que o preto se torne colorido!

Hoje uma mãe das famílias que ajudamos não desapareceu com os filhos, fugiu!
Hoje ao fim de anos de uma vida de nódoas negras e silencios massacrantes esta mãe conseguiu dar um pontapé a esta vida e fugir!
Não fugiu por ela, não se fartou de ter o corpo como objecto de fúria de todos os monstros e tormentos criados pelo álcool e recriados em si pelas mãos e pés do seu marido!
Não foi esse hábito que a fez pegar em tudo e ir... o que a fez sair dali foram os seus filhos! Foi o amor de mãe que não suportou, não tolerou, não permitiu ver os seus perdessem o sorriso e brilho de crianças ingénuas e livres de preocupações!
Foi o milagroso amor de mãe que pobre e sem nada a fez confiar  e apostar no seu coração como porto seguro e trocá-lo pelas quatro paredes onde vivia uma guerra silenciosa impossivel de vencer sozinha!
Hoje uma mãe contra tudo e todos arranjou forças e fugiu! Espero que para bem longe onde consiga dar paz e sossego aos seus corações! Espero que para um sitio onde o cólo que dá aos seus já não seja sinónimo de terror e medo mas paz e mimo! Onde cada dia é um dia e não se deseja que passe rápido! Onde os gritos que ouvirem sejam apenas restos de pesadelos do passado e as lágrimas que deitem sejam das saudades de amigos deixados para trás e lembranças boas!

Admiro esta mãe! Admiro toda a sua coragem!
Repugnam-me todas as pessoas que ao lado daquelas paredes ouviam e nada faziam! Desespero com a facilidade com que também eu quando há poucos dias soube, disse que era normal e que nada se podia fazer...
MENTIRA! Pode-se fazer, pode-se ajudar! Há-de ser muito complicado meter a colher entre marido e mulher!
Mas não será mais complicado viver o resto de uma vida com o peso na consciência daquilo que se soube, que se viu, que se sentiu e não se fez?
Não será mais aterrador e mortifero calar dentro de cada um a memória de várias queixas ignoradas? De fingir que não se viu? Não será desesperante relembrar o quanto se banalizou as marcas e gritos por puro comodismo e gestão de aparências?
É sem dúvida mais fácil ser comodista e dar uma atenção ao de leve ao assunto. Escrever umas cartas, fazer uns telefonemas... Fingir que nada se passou e que são teimas e exagero de quem desesperadamente pediu socorro!

Infelizmente as teimas rapidamente viram remorsos,  surgem falsos sentimentalismos resultantes de toda a inércia vivida perante tudo. A culpa de um lar desfeito pelo que podia ter sido e não se fez vai aparecendo muito disfarçada e camuflada! O exagero antes ignorado passa a realidade quando o cólo que aquelas crianças pedem e querem já não é o que vão ter!

Rezo e orgulho-me de todas as mães que fizeram e conseguiram salvar os seus filhos!
Peço a Nossa Senhora que pegue em todas as que não conseguiram ganhar a guerra vivida em quatro paredes e lhes dê o colo merecido!
Peço desculpa por não conseguir perdoar todos aqueles que mesmo sabendo e estando perto nada ou pouco fizeram e se vão camuflando entre o silêncio dos erros e desculpas nada nobres! Peço desculpa, mas nós crianças também recordamos, sentimos e não esquecemos! O vosso silêncio não vos tira a culpa da ausência!

Ainda bem que esta mãe fugiu!
Ainda bem que o seu pedido de socorro foi ouvido e que com a sua força e amor hoje adormece a ver o céu e não é mais uma das estrelas que brilha e olha por nós!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Viver em Pecado!

Um amigo em jeito de pedido de socorro perguntou-me se discutia muito com o Manuel? Também ele vive  com a namorada e queria saber se seria normal discutirem por pequenas coisas! Se era normal irritarem-se e discutirem por coisas novas que estão a descobrir?
Pouca experiência tenho mas puxei do meu lado de psicóloga! ;) Entre confidências e dicas acabámos por ter uma "discussão" em modo de conversa sobre isto de viver juntos! Que viviamos em pecado!

Vivi num namoro que durou 70anos e antes de se casarem pouco mais fizeram que ser o par de dança nos bailes,  dar a mão, trocar cartas e telefonemas e tudo isto com uma sombra ou olhar de alguém. Não precisaram de viver juntos bastou-lhes o amor que sentiam e o respeito para que tivessem a certeza que queriam casar e passar o resto dos seus dias juntos! Talvez o viver juntos seja um facilitismo de quem já tem casa, de quem vem de fora, de quem não tem quem olhe por perto ou exija um estar!

Viveremos mais em pecado quando escolhemos dividir um espaço que se torna nosso e respeitá-lo como nosso, do que se vivermos num espaço nosso ou do nosso namorado quatro dias por semana onde nada é definido?
Pagar as contas, escolher a decoração e fazer as compras para o mesmo frigorífico é que nos faz viver no pecado?
Aqui não se trata de viver no pecado, trata-se da frontalidade de assumir o pecado a olhos nus! É o assumir que estamos juntos e vamos querer estar juntos mas à nossa maneira e com o nosso caminho que por várias razões passa por aqui. O assumir que antes de casarmos vivemos juntos e por isso nas aparências e julgamentos o véu vai cair por terra...

Poderia ser mais discreta, chocaria menos e continuaria também a viver em pecado mas aos olhos dos outros um pecado mais disfarçado, mais normal e que me daria o tal véu. Estar num tecto que não seja o nosso não é pecado, porque será então viver em pecado, quando se adormece de pézinho dado e com saudades mal a porta fecha?
Poupem-me a beatices que postas desta maneira não podem passar simplesmente disso! Não passam de julgamentos banais de quem fecha os olhos àqueles que vivem de momentos e tudo fazem para que aos outros tudo pareça bem feito do principio até ao dia do Sim!

Vivo com o Manuel e adoro viver com o Manuel! Não me canso de o ver dentro das nossas quatro paredes, de o ter ao meu lado enquanto vê programas chatos e eu adormeço ferrada!  Não me canso de me rir com ele todos os dias e há dias em que ao fim da tarde já tenho saudades! Já discutimos muito, agora evitamos e quando acontece nada que um abrir da porta resolva tudo com uma troca de olhares cúmplice de quem gosta e reconhece.Umas vezes mais fáceis que outros mas não somos perfeitos, erramos bastante e juntos vamos crescendo! Não convido tios para jantar porque também os respeito e à confusão que lhes possa fazer vivermos juntos mas assumo que não tenho a minha casa, temos a nossa!

Havemos de casar, havemos de perante a Igreja e a sociedade oficializar esta vontade que temos em ter os pezinho entrelaçados todos os dias para adormecermos bem e tranquilos. Até lá, estamos muito bem a viver a nossa vida e acredito que Deus nos vai dando uma mãozinha tanto a nós que vivemos em pecado sete dias por semana como aos que vão vivendo nos dias em que podem!

Amigo, o meu conselho é que aproveites esta fase de viveres com quem gostas! Aproveitem os dois para se irem descobrindo e mesmo nas discussões crescam os dois! Vão construindo o vosso puzzle mesmo que à vezes tenham que tirar peças e começar de novo! Nem todos temos os mesmos gostos, nem todos olhamos para as peças da mesma maneira! Nada melhor do que o tempo para te mostrar que te vais estar a rir de todas estas discussõezinhas! :) E que o pensamento de que vives em pecado não te atormente! E quando atormentar, fala com Ele que vais ver que te desculpa!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A humildade de receber a Vida!

Receber quando nada temos devia ser sinónimo de mãos abertas e gratidão. Coração cheio e sorriso maroto de quem recebe um mimo inesperado. Quando nada se tem o pouco torna-se imenso, facilmente os olhos brilham e duas mãos agarram outras num gesto de ternura e gratidão.

Receber quando já se teve e não se tem é complexo, é um retorcer e dar o braço a torcer. É como se parte de nós caisse e para se levantar tivessemos obrigatoriamente que reconhecer que receber é bom, receber é aceitar de bom grado o que outro coração nos quer dar.Quando não se tem nada muitas vezes usamos todas as manhãs a máscara da futilidade e falsidade que tendemos a nem nos sonhos largar. É complexo passar do dar ao receber, passar do estender ao recolher, do sentir alegria pelo conforto proporcionado a outros ao agradecer!

Ser-se humilde é exigente, grandioso e muitissimo raro! É um desprender de tudo, de nós próprios, do que temos e queremos, do que sentimos e vemos! É sairmos de nós próprios e vestir a pele do outro constantemente! Conheço uma pessoa verdadeiramente humilde, tenho essa sorte! Não o invejo, admiro-o em tudo e todos os dias e cada dia mais!

Gostava de ser humilde, gostava de conseguir atingir esse patamar que nos liberta de tudo o que é superfúlo e nos faz sentir e viver apenas o que interessa e quando interessa!
Gostava de conseguir controlar a complexidade de sentimentos que me fazem não ser humilde em algumas situações. Adorava ter a humildade de receber o que a vida me dá, bom e mau, saber receber e dar-lhe de mim o que melhor tenho! Se em tudo nos dizem para sermos os melhores e que quando somos os melhores somos os escolhidos, conseguimos o que queremos.... se formos os melhores a receber a nossa vida talvez também a nossa vida se torne melhor. Talvez a nossa vida ganhe outra nostalgia e se abandone a escuridão.

Porque custa dar comida a um sem abrigo e sermos insultadas aos gritos. Custa ver que idolatra o vinho rasca, tudo o que lhe resta para esquecer que algum dia teve e se teve a ele próprio está naquela garrafa! Não só está perdido como não quer estar sóbrio e de barriga cheia, não quer olhar para a vida de caras! Não quer receber! Bastam-lhe aquelas fracas uvas fermentadas e conversas imaginárias para adormecer num remoinho de miragens a dobrar que o fazem cair nas profundezas e esquecer-se de tudo o que recebeu e não soube receber! Talvez por isso agora não o faça...

É dificil engolir o orgulho e dar espaço à humildade, dar espaço a uma rua em vez de uma casa! É exigente temos que dar espaço a uma saudade enorme de alguém que a vida nos tirou em vez de abraços e confidências! É revoltante querermos e não podermos, não conseguirmos! Termos e deixarmos de ter! É a vida! É a vida a pedir-nos para deixarmos o vago e vazio ser preenchido pela Fé! E quando digo Fé não precisa de ser num Deus, no meu Deus! A vida precisa de Fé nela própria! A vida precisa que cada alma presente em cada corpo acredite! A vida precisa que por vezes nos abandonemos a nós próprios, às nossas vontades, aos nossos sonhos, abandonemos todos as coisas idealizadas e planeadas e estejamos preparados para receber o que para nós são as injustiças da vida!

Como em tudo na vida, não basta estarmos sentados à espera que o mundo e a vida nos traga aquilo que queremos agora ou daqui a uns anos. Nem sempre tudo corre como imaginamos, os que mais amamos partem, um trabalho termina, uma doença ataca-nos, um carro perde os travões...
A vida pede-nos a árdua tarefa de tentar saber aceitar e receber o que nos oferece, pede que lhe demos a mão e caminhemos juntas atrás do que queremos.

Hoje queria uma dose gigante de Fé, acompanhada de um copo de vinho rasca para saber receber com a humildade necessária e que me falta, que amanhã não Vais estar cá para Te dar os Parabéns!








quarta-feira, 12 de setembro de 2012

E viva o Portugal das Lamentações!

E viva o Portugal das lamentações!

Este ano fui assistindo os Jogos Paraolímpicos e foram muitas as vezes em que fiquei perplexa! A quantidade de exercícios e modalidades que atletas com altos níveis de deficiência física faziam eram simplesmente extraordinárias! Respeito muito as pessoas com deficiências, vivem num mundo pouco preparado para eles. Tudo é um esforço, todos os dias são um dia...e cada dia é um jogo em que se brinca com todas as premissas que a vida lhes deu!
Estes são os verdadeiros heróis! Heróis que contra todas as adversidades, com o seu suor, empenho, sofrimento e dedicação alcançam um lugar no mundo! Atingem o impensável!

Pela simples razão de se respeitarem e dignificarem o dom da vida merecem o nosso respeito! Todos estes atletas vão conseguindo ultrapassar o muro das pieguices e lamentações sem se fazerem de coitadinhos! Invejo a vontade que têm em viver e fazer por acreditarem numa vida, numa vida diferente da vivida até agora, mas uma vida!
Emociono-me pela coragem e persistência com que lutam pela sua integridade no mundo enquanto seres, enquanto pessoas!

Eis a minha questão: Como é que estas pessoas conseguem arranjar forças e garra para mudarem as suas mentalidades e encontrarem um novo lugar no mundo, e nós, dotados de cabeça, tronco e membros, visão e fala, revestidos de sabedoria, raciocínio, facilidades e um mundo inteiro por descobrir sem dependermos de terceiros, como é que temos a lata de nos lamentarmos todos os santos dias?!?!?!?!?!

Quando deixamos que o muro das lamentações faça parte de nós e permitimos que entre nas nossas casas, trabalho, nos nossos jantares entre amigos, na nossa família não nos estamos a respeitar nem a dignificar o que todos temos, a vida! Estamos a ser medíocres!
Criticar, quando construtivamente, é positivo, faz bem e produz mais e melhor! Lamentar é mau, é negativo, é pessimista, é o revelar de uma inoperância constante! Lamentar-se e não fazer nada para contrariar a lamechice é burrice e tenho muita dificuldade em lidar com pessoas burras que por capricho se fazem de coitadinhas!
Com os tempos e condições bastante complicadas e adversas, parece que lançaram o curso das novas oportunidades para a Lamechice com direito a título de Coitadinho!
Custa sermos humildes para fazermos coisas para as quais não estudámos e nas quais a sociedade nos estranha ver! É verdade, custa! Custa contrariar hábitos e luxurias antigas mas os tempos assim o exigem!
O português vive na sombra dos que foram conquistadores e tiveram a audácia e coragem de ir à procura da descoberta do mais além! Vive do comodismo e tem medo da incerteza. Prefere a constante lamentação à incerteza de um esforço diário onde poderá falhar.

Adoro o meu país! Adoro ir todos os dias para casa e deixar-me maravilhar pela beleza de Lisboa. Desde o Rossio com o Castelo a espreitar sobre nós como quem pede para o admirar. À Baixa com o seu movimento de pessoas oriundas dos vários cantos do mundo. À Praça do Terreiro do Paço que nos faz virar costas ao rio para mergulhar na sua imponência e beleza...Adoro chegar a casa e ver os barcos a passar.
Não me imagino a viver noutro país! Viajar é dos poucos vícios que tenho e sempre que o faço gosto de voltar ao nosso Portugal, ao cantinho no mundo que se deixa abraçar pelo mar com um potencial enorme! Gosto de viver aqui, sou portuguesa, tenho cá os que mais amo! Gosto de viver num país onde as mulheres têm direitos, onde as crianças ainda brincam na rua e a principal razão de morte não são doenças, fome ou bala perdida! Gosto de viver num pais onde a palavra Saudade se deixa cantar num fado!

Temos que começar a ter respeito por nós, a evitar as lamentações, a criar oportunidades, a sermos mais solidários, a sentirmos que fazemos alguma coisa por nós, pelos outros, pela sociedade! É preciso calma, espirito de sacrifício e vontade de trabalhar no quer que seja! Todo o trabalho, desde que bem feito, é digno! 

"Para trás mija a burra e para a frente é que é o caminho!" Enquanto tivermos família e amigos tudo se consegue, tudo se ultrapassa! Não se lamentem...Façam!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O coração que faz Arte!


Num casamento vivem-se e admiram-se mil emoções todas concentradas em pequenos momentos, em algumas horas.
Os nervos do noivo, os olhos a brilhar e a lágrima a cair. O sorriso rasgado, a alma sossegada e calma quando ficam lado a lado. Lado a lado como irão ficar o resto das vidas...
Os arrepios de uma voz solene e bonita que nos enche a alma e liberta o coração. As cantorias alegres e danças enamoradas depois de promessas feitas. O entusiasmo de um ramo e a projecção de um futuro. Naquele espaço de horas muita coisa se vive, muitos sentimentos se passam mas há uns que marcam...há aqueles que ficam passado as horas mal dormidas e nem o sono em falta os apagam.

Neste casamento vivi muitas emoções, ri imenso, quase chorei, namorei bastante, dancei sempre! Estava longe de imaginar que no fim, já exausta e cansada ainda teria o melhor do óptimo!

Pista deserta, dia a nascer e o artista sem saber deu-nos o privilégio de o ver e ouvir fazer arte! Foi um momento, para mim o momento!
Há pessoas que nascem com dons mas nunca os descobrem. Este artista tem este dom enorme, esta capacidade de humildemente nos deixar estáticos e presos ao chão a ouvir! Desde músicas clássicas, a Pedro Abrunhosa e Elton John, cada música e nota tocada é sentida e respeitada. Não houve estudos, não houve preparação, existe um dom! Existe um coração extraordinário!

Ali fiquei! Quis gravar o momento, desejei ter um telefone, uma máquina mas não foi preciso...Como as pessoas que ainda ali estavam e não conseguiam sair porque é impossivel virar as costas a um som tão bonito e gracioso, o que ouvi e vi, ficou gravado na memória, nas lágrimas quase deitadas de emoção e orgulho, no conforto que chegou ao coração!

Este artista é especial! Este artista tem um coração extraordinariamente bonito! As suas batidas são puras e genuínas! Vê na música, no piano o consolo, um amigo! Como um escritor usa a música e anseia por ela para se isolar do mundo e se inspirar, como os desportistas precisam dela para se motivarem e se esforçarem ao limite! Este artista namora com a música! Vê nela uma amiga, o seu conforto e confidente. A companhia nos dias mais longos e par de dança nos dias de festa!
Juntos cantam e dançam, choram e recordam, riem e gozam o momento! Juntos criam e sonham! Vão os dois e deixam-se levar...e  nesse caminho fazem com que nós fiquemos ali, petrificados a admirar o seu namoro! Este namoro que sem nos apercebermos nos rouba os corações e nos eleva a um estado de alma  que nos faz esquecer o frio, o sol a nascer, as pernas cansadas...

Obrigado Artista por usar os seus dons! Obrigado querido Artista por ser e ter esse coração tão nobre! Só um coração assim baila com as teclas de um piano e nos dá música!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Namorem! Namorem e namorem!

25.08.2012
Hoje é o dia em que passados quase doze anos de se irem casando devagarinho, por vossa vontade assumem perante Deus, as vossas famílias, os vossos amigos e a sociedade que querem continuar a namorar os dois para o resto das vossas vidas.

Fazem aqui hoje um elogio aos quase doze anos juntos e unidos em que também neles as vossas famílias e amigos se foram casando com vocês devagarinho e muitas vezes à distância.
A promessa e o amor é entre a Inês e o Joaquim mas devemos estar todos cientes que ninguém constrói uma família, é ela que nos vai construindo e definindo, é ela que nos torna aquilo que somos e por isso nenhum de nós poderá criar uma família isolada. Com os exemplos e valores que receberam vão criar uma nova família e viver a vossa história.

Os vossos corações aproximaram-se, foram-se conhecendo, crescendo e batendo ao mesmo ritmo. Casados vão trazer o melhor que o outro tem e com cedências e discussões, porque também elas fazem parte, irão ultrapassar problemas e desbravar novos caminhos!

As saudades, para vocês foram uma sobremesa amarga repetida constantemente entre Almeirim, Lisboa, Badajoz, Madrid e Londres mas nem isso vos impediu de se irem casando devagarinho porque o que sentem é forte, porque vocês são raros! Orgulhem-se sempre muito um do outro porque o vosso "nós" é grandioso e sem dúvida que vos torna mais e melhor!

É extraordinário ver o brilho e cumplicidade nos olhos um do outro, a alegria e energia da Inês a dançar com a calma e serenidade do Joaquim! As saudades mal o Joaquim fecha a porta ou a Inês chega tarde do Hospital! Nestes anos souberam respeitar e apoiar as decisões e ambições um do outro com cedências e ansiedade mas sempre com muito amor.

Espero que saibam os dois respeitar a honra que têm em testemunhar a vida um do outro! Vão ver e ter partes de cada um que ninguém viu, sentiu e terá. Vão receber os sorrisos, o choro, a alegria, o entusiamo, as confidências e pensamentos, o vosso amor. Vão estar na primeira fila e chegará a altura em que serão os olhos, os ouvidos, a bengala e o ombro sem o qual não conseguem adormecer.

Para isso estamos aqui todos hoje. Porque de alguma maneira somos especiais para a Inês e o Joaquim e para a família dos dois. Todos teremos o nosso papel neste grande namoro que aí vem.


Como madrinha irei estar sempre aqui e sempre a dizer para namorarem e namorarem! Enamorem-se e namorem os dois, com a família, com amigos e se Deus quiser com os vossos filhos! Nunca esquecendo como vos disseram, que o vosso casamento é o vosso primeiro filho e como tal, vão ter sempre que o tratar, mimar, cuidar e amar! Namorem! Namorem e Namorem!

terça-feira, 31 de julho de 2012

A ti que és parte de mim!

A ti que és parte de mim!

Deves ler este texto no teu sofá, sentadinha e sossegada no teu mundo. O teu mundo que é mesmo só teu e de que tanto gostas e precisas! Gostava que precisasses menos dele e por vezes conseguisses dispensar o teu mundo e viajar para o meu! Não que a viagem seja longa e cansativa, não o é para o ser humano normal mas é para ti! Para ti que és especial e por o seres é-te permitido estares longes, deixamos que a saudades aumentem, sejam tão grandes que deixam de ser saudades e passam a um estado normal! O normal é não vermos, é não sabermos, não vivermos momentos as duas como tantos que já partilhámos!
Lembro-me de tantos e recordo outros e todos eles me fazem rir e se não me fazem rir lembram-me conforto, mimo e compreensão! Discussões que nos fazem voar na tua persistência e teimosia. Há dias que me consigo rir e filosofar mas confesso que noutros desespero! Tens as tuas ideias, os teus ideiais, as tuas convicções! Falas ao telefone como ninguém e um dia ofereci-te a prova disso :) Guardas as estrelas que um dia te ofereci no azul mais estranho e impensável de sempre!
Tentámos trocar aquilo que por várias razões e tamanhos era impossivel mas rimos e rimos com isso!
Trocamos chupas chupas, rimos, chorámos, caímos, bebemos, passámos noites em claro entre conversas e ansiedades! Partilhámos  a mesma televisão quando deviamos ter os olhos nas letras dos livros para os exames. Dançámos e encantámos e numa altura apostámos! Gritámos e falámos mas quando foi preciso oferecemos o silêncio das ruas da baixa uma à outra e adormecemos entre letras de músicas e fotografias!
Nas maiores das asneira estavas lá como no pecado que não o era! Foste a minha consciência mas nunca julgamento!
Acredito que o que sofri foi menos porque te tinha ali! Acredito que o que sorri e diverti foi mais sentido porque estavas ali! Se cheguei aqui foi porque te tive ali!

Defendes-me com garras de leoa e fazes-me voar de uma moto4 como louca que és! Tens paranoias que não percebo mas se as percebesse deixariam de o ser e talvez perdesses a tua essência!

Podias estar mais vezes comigo e não estás, sabes que o teu estatuto assim o permite! Sabes que não estás mas estás! Vais estar e fazes sempre parte! Vais sempre fazer! O que o meu coração tem de ti já faz uma vida, já desculpa a distância! Acho que a amizade tem isto de extraordinária e inexplicável! Não precisamos pedir desculpas, fazêmo-lo sem dar por isso e é tão bom!

Obrigado por estares no meu coração, na minha vida e a tornares melhor! Tens uma vida, agarra-a!! Eu estou aqui como sei que estás ai minha porquinha! :)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Notas fora do refrão!

Todos os anos festejamos o dom da vida e a graça de estarmos vivos de 365 dias em 365 dias! Cada dia tem 24horas e cada hora 60minutos constituidos por minutos que duram 60 segundos!

A nossa monotonia começa aqui! No limite das nossas 24h diárias! A vida é feita de passos sistematicos, de sinfonias onde a melodia se repete e a pauta se volta a escrever sempre da mesma maneira! Mas como nas músicas, não podemos ficar só pelo refrão! Não podemos ficar satisfeitos com o que gostamos mais, com o que sabemos que está ali e é cantado sempre da mesma maneira!

Quando ouvimos e cantamos uma das nossas músicas favoritas queremos mais do que um simples refrão! Queremos um espectáculo!! Queremos luzes em várias direcções e de diferentes cores!! Queremos bailarinos!! Queremos que a música seja cantada por inteiro e que mesmo assim fique em nós uma vontade e um gozo de a voltar a cantar e cantar!

É fácil entrarmos na monotonia e deixarmo-nos ficar pelo refrão! É fácil pôr de lado a letra  por completo e ficarmos apenas pela parte em que temos mais segurança! Deixarmos correr a música como a vida, cantarolando apenas o refrão!

Até ao dia, em que nos chamam ao palco! Até que esse momento que devia ser épico e único se transforma também ele apenas num refrão! Sem darmos conta deixamos que a monotonia acabe por nos estragar os nossos momentos, os nossos sonhos, as nossas oportunidades! Irónico é, que todas as músicas em que apenas sabemos o refrão foram escritas e cantadas pelos nossos ídolos! O momento perdeu-se! Ironia das ironias não nos esforçámos o suficiente ou pelo menos mais um bocadinho e ficámos com aquilo que alimentámos, o refrão! Ficámos com uma parte quando lutámos pelo todo!

A nossa vida é música! Uns dias animada e eufórica, outros dias melancolica e triste! A nossa vida tal como a música, tem as mesmas sete notas, tem as suas escalas e tons e com estas conseguimos fazer músicas extraordinárias, músicas únicas e especiais! Somos todos feitos do mesmo, dependemos todos do mesmo mas temos algo que nos torna únicos e singulares! Temos algo que nos faz aproximar uns dos outros, que nos faz encontrar Aquela Voz que perto de nós facilmente torna as nossas palavras música e consegue com que as suas aos nossos ouvidos soem a melodia!

A monotonia faz parte da nossa vida, está em nós! Não permitamos que ela se apodere de nós e nos faça ouvir repetidamente a mesma música! As notas têm que ser misturadas de vez em quando! A música até pode ser a mesma mas tem que ser entoada de outra maneira, ouvida num sitio diferente, acompanhada por tambores em noites loucas ou por flautas e violinos em noites mais serenas!

Enquanto existirem notas, enquanto a voz ao nosso lado conseguir transformar palavras em música, vale a pena não ficarmos apenas pelo refrão! Vale a pena usarmos da imaginação e pormos notas de pernas para o ar fora do refrão!