segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Culpo-O pela minha Felicidade!

Quando alguém que amamos parte inesperadamente cedo demais. Quando uma mãe tenta não repartir a sua dor e sofrimento de um cancro. Um pai num palheiro faz disparar o fim de uma vida! Um filho morre num acidente e uma criança desesperadamente chora por cada marca deixada por alguém mais velho!
Quando vemos os que mais amamos e aqueles que não se podem defender a serem consumidos pela vida também nós sofremos! Penamos! Choramos!
Desesperamos pela dor imensa e massacramo-nos com a incapacidade de voltarmos atrás, de trocarmos, de darmos a vida por eles! Não conseguimos aceitar a impossibilidade de voltarmos atrás no tempo e suavemente alterármos as variáveis da equação.
Não queriamos um renascer total, bastava que fosse possível trocar aquele número de sitio! Aquela hora e aquele segundo! Apenas pedimos que nos deixassem baralhar tudo e fazer com que o destino também se perdesse e no fim não fosse nada mais do que um pesadelo em forma de chamada de atenção!
Mas a vida, tal como as equações merecem ser resolvidas! A vida exige-nos uma continuação! Não nos liberta do desgosto e das saudades! Lentamente faz-nos perceber que não basta sobreviver temos que viver!

Neste processo de perda de alguém que amamos em que tudo se desmorona e perde sentido e muitos de nós deixam de acreditar!
Muitos de nós preferem a negação e optam pelo facilitismo de colmatar em Deus todas as inquietudes e tristezas instaladas no coração. O Deus em quem até então acreditavam e se apoiavam deixa de existir!
Deus passa a ser afinal uma simples criação do homem como forma de entretenimento e refúgio para tudo aquilo em que não se encontra resposta!
Deus passa a ser aquele apoio de milhões e milhões de pessoas que por serem fracas precisam. Deus passa a ser aquele que se existisse não teria permitido que me acontecesse a mim! Se o permitiu, então não existe!
Posso culpá-Lo por todas as mães que fumam dois maços de tabaco por dia e têm cancro! Posso culpá-Lo pela falta de dinheiro que leva um pai de família ao desespero! Posso culpá-Lo pelo filho num dia de chuva que com o seu desejo de aventura bateu num camião quando o ultrapassava numa curva! Posso culpá-Lo pelas bofetadas que um pai alcoolizado dá nas filhas no meio da rua!

Poder, posso culpá-Lo de tudo! É o mais fácil! 

Não seria então, segundo este raciocinio obrigada a culpá-Lo, a revoltar-me contra ele e duvidar também da sua existência cada vez que sorrisse? Culpá-Lo por cada sucesso profissional alcançado? Culpá-Lo por cada vez que me emociono e apaixono?
Não teria também que o questionar e abandonar cada vez que se apoderasse de toda a alegria e felicidade e a distribuísse por mim e por todos os que me rodeiam?

Teríamos que o fazer mas não o fazemos!
Custa-nos agradecer e reconhecer! Quando está tudo bem somos nós, poderosos e auto suficientes, cheios do nosso ego mas quando alguma coisa falha já deixamos que o super ego adormeça e esqueça que existe!
É extraordinariamente fácil cruxifica-Lo e culpá-Lo de todas as coisas que nos magoam e não conseguimos explicar mas por outro lado somos incapazes de O culpar por todas as coisas fantásticas que nos acontecem! Por todos os corações cheios , por um simples respirar!
Tendemos a ser fracos! Tendemos a optar pelo mais fácil e atacar quem mais nos ama! Preferimos fugir com a desculpa que deixámos de acreditar pois se É omnipotente e presente não permitiria que os nossos corações fossem destroçados! Optamos por escondermo-nos atrás Dele e fugir ao confronto das leis da vida!
Custa dizer a minha mãe tem um cancro porque optou por fumar, o meu pai suicidou-se porque nao teve a coragem suficiente para como homem falhar perante a familia, o meu filho não teve atenção e ao fazer uma contraordenação bateu num camião e morreu, o meu vizinho esbofeteia a filha eu ouço e não faço nada e por isso cada marca tem um dedo meu!
Custa tratar as coisas pelos nomes! 
A mim custa-me mais fugir dos nomes e da realidade! Perder o sentido da morte e esconder-me cobardamente atrás de Deus! 
Deus criou-nos! Por nos amar deu-nos a liberdade! A possibilidade de escolhermos amá-lo ou não, acreditar ou não! Permite-nos duvidar e afastar Dele.
Dá-nos sobretudo a possibilidade de fazermos um caminho nosso. De optarmos pela direcção a seguir. De o fazermos com ou sem Ele e nesse caminho espera que aconteçam erros, dúvidas, medos e incertezas!  Não nos deseja a infelicidade mas quando esta surge está a dar-nos a mão!
É o primeiro a querer que nas nossas escolhas consigamos aprender, crescer e ir dando um sentido ao estar vivo. Ao amar e ser amado! 

É isso que eu acho que Deus nos pede, não para questionarmos o que aconteceu, mas por e para que é que aconteceu?
Que perdi? Que ganhei? Que vou fazer com tudo isto? Ficar mais forte ou enfraquecer? Deixar-me consumir e  ir perdendo também eu a vida? Ou devagar ir dando valor ao que tive e tenho?

Ninguém disse que ia ser perfeito! Ninguém disse que íamos conseguir mas somos mais do que crianças a jogar às escondidas. Somos mais do que Homens a culpar alguém em quem supostamente não acreditamos! Se O culpamos é porque mesmo que não queiramos aceitá-Lo, achamos que existe!

Respeito quem não acredita, quem não o sente e acredita noutros Deuses ou em nenhum!
Nunca iria deixar de acreditar Nele pelas saudades que sinto de pessoas que amo! Nunca iria deixá-Lo assumir  o peso de decisões e atitudes que não as d'Ele.

Agradeço-Lhe estar comigo todos os dias e ter a enorme  paciência  e bondade cada vez que mudo o sentido da minha vida e também o perco! Cada vez que ponho em causa o que andarei cá eu a fazer?!
Agradeço-Lhe todos os sinais que consegui ver e me fizeram acreditar no amor e no perdão!
Agradeço-Lhe os meus pais, os meus avós, a minha família, os meus amigos e todas as pessoas que passam por mim e me dão alguma coisa.

Culpo-O sem dúvida alguma pela minha felicidade!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Saudades da Ternura...

Com afecto alguém comprou aquela Nossa Senhora da Ternura que delicadamente pegava ao colo o seu filho. Alguém vos ofereceu esta escultura pintada a branco e ainda hoje está na sala a olhar por nós.

Felizmente vivi com muita ternura. Nem sempre foi fácil chegar à meiguice mas quando a conseguimos foi extraordinário. Como tudo o que é fabuloso exige dedicação e tempo também entre nós a ternura para ser alcançada nos pediu tempo e espaço, paciência e conhecimento.
Com carinho tudo foi surgindo, tudo foi ganhando sentido. Entre frieza e dureza surgia um mimo, um aconchego que com amizade e erros fomos aprendendo juntos a sermos queridos. Cheios de benevolência começámos a perdoar em vez de desculpar e fraternamente passámos a amar em vez de adorar!

É fácil identificá-la! A ternura sente-se no tom de voz, na maneira querida e simpática como dizemos um bom dia ou boa tarde. Evidência-se num pequeno gesto e deixa-se descobrir num olhar profundo, brilhante e acolhedor.

Um beijinho de boa noite tem que ser dado enternecidamente para que os sonhos também o sejam.  O coçar de uma cabeça merece ser feito com simpatia e o desenrolar de linhas entre agulhas nas mãos de uma avó deve ter dedicação e carinho.
Ter ternura é entender com subtileza e fraternamente o outro. É sermos meigos quando ouvimos um problema e gentilmente darmos a mão ao cair de uma lágrima. É despedirmos alguém com a compaixão necessária para que no meio de toda a revolta e tristeza a pessoa se sinta digna e respeitada.

Ainda estou a crescer e faz-me falta a vossa ternura! Sinto saudades das camisolas de interior feitas por Ti, da ternura com que deitava a cabeça no teu colo e me davas festinhas! Sinto falta do amor com que simplesmente perguntavas se estava bem? Preciso da tua terna preocupação comigo.

Talvez o próximo investimento seja uma Nossa Senhora da Ternura igual à que vos demos! Talvez na minha sala também ela olhe mais por mim e me aconchegue nestes dias de chuva que puxam tanto às saudades e mimos.
Talvez ao tê-la ali cada vez que sentir falta e saudades as consiga preencher com a Graça de já ter tido ternura e assim rezar por todos os que infelizmente a desconhecem e por isso nem a reclamam.

Espero um dia conseguir ser ternurenta e ter esse brilho nos olhos de vez em quando!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tivesse eu nome de homem!

Numa das aulas do curso de Formação Geral para o Voluntariado, que fiz há uns anos, fizemos aquele jogo de colar papeis na testa para os outros verem e lidarem connosco consoante o que temos escrito.
Lembro-me que quem se sentiu pior foi o que tinha o papel em que estava escrito "IGNOREM-ME"!

Ser ignorado significa que nem se considera e quando não se considera é porque não se conhece ou não quer conhecer! Ignorar é o expoente máximo do desprezo! É fazer do outro fantasma e invisível! É nem sequer permitir que chegue a acontecer o respeito de simplesmente existir e estar ali.
É dificil lidar com a indiferença e quando vem de outros que não nos dizem o suficiente é menos duro e conseguimos ir ultrapassando e também nós ignorando. Mas quando aqueles que conhecemos, que amamos e consideramos nos ignoram? Ignoram a nossa felicidade? Será fácil abstrair e resolver este sentimento tão complexo dentro de nós?

Acabamos por perceber que afinal desconhecemos o outro lado, a realidade dura e crua vai-nos sendo revelada e declarada friamente tornando-se implacável nos nossos corações!
 Desiludimo-nos com a imagem reflectida no espelho quando vemos que o outro não é mais do que uma ilusão e por isso apenas nos vemos a nós. 
À semelhança do que sentimos criamos uma imagem e sentimento que achamos ser reciproco e talvez esse seja o maior erro. Talvez agora, não me custasse tanto assistir a um desconsiderar tão grande e duro! Talvez agora também conseguissemos facilmente fingir indiferença, desconhecimento!

Mas quando se sente! Quando se ama a todos e cada um de uma maneira especial e os levamos no coração sentimos cada falha do outro como uma lança no coração que vai sendo empurrada devagarinho. Talvez por isso as falhas sejam sentidas de maneiras diferentes simplesmente porque não amam, preocupam-se! É legítimo! Não tentem forçá-lo porque um simples olhar facilmente vos denuncia! Uma mensagem escrita espontaneamente enaltece esse vazio, essa distância e não querer saber!  
O erro e ilusões criadas foram minhas, assumo! Não ousem usar o amor que sinto como chantagem para as faltas de atitude que em nada têm de amor!
O amor não se dá em quantidades pequenas para fazer figura. O amor move montanhas e dá sorrisos! Não é porque já se escalou parte da montanha com ajuda de outros que se ignora os que vão a meio caminho a pensar no futuro dos que ainda estão a dar os primeiros passos! Apesar de não quererem permitir e de dificultarem o alcance ao cume, a pessoa que lá está ainda merece respeito e consideração! Ainda respira, pensa e sabe o que faz! Não ignorem isso para vosso proveito e reforma!
A ignorância alienada à desilusão é a pior tempestade que algum alpinista poderá ter no seu caminho!

Tivesse eu nome de homem e bigode que poderia não ser amada mas ignorada não seria de certeza!
Como tenho olho azul, sardas e o meu primeiro nome é Maria vou seguir a minha escalada já a saber com o que não conto e fazer pelo que mereço: as bases e instrumentos minimos para chegar ao cume da montanha feliz e contente! :)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Resignar é ir morrendo!


http://youtu.be/xXtVBJDPs6k

Resignar

Acho que é dos verbos que mais odeio e que sempre que o ouço ou leio numa mensagem, num texto ou olhar de alguém me aterroriza e amedontra.
Resignar é perder todos os dias parte de nós! É permitir e deixarmos que lentamente pedaços do nosso eu deserte num mundo que não é o que deveria ser! Quando nos resignamos acabamos por sacrificar-nos e exonorar-nos, sem ou a darmos conta! Abandonamos o que nos preenche e satifaz como se fossemos um papel largado e abandonado no lixo. Abstemo-nos de nós e renunciamos à entrega total das nossas capacidades e emoções para darmos lugar a um desanimar facilitado e conformista.

Eu própria me conformo com o meu trabalho e uso as desculpas que com a actual crise facilmente são permitidas e aceites para continuar a fazê-lo.
No que respeita a valores, a sentimentos,a tudo aquilo que não tenho que retroceder para viver! A tudo aquilo que me torna pessoa sem em troca receber dinheiro, aquilo que me preenche o coração, a isso, não me resigno!

Luto, acredito, procuro, choro, riu e tento que cada gesto tenha ânimo e seja sentido!
De que é que vale a vida se nos resignarmos a apenas gostar e não amar? De que valerá a vida se apenas quisermos ser amigos quando tudo corre bem e quando o mal surge decidimos viajar? De que vale a vida se o coração não se encher realmente de sentimentos puros e intensos?

Resignar é fraqueza, é medo, insegurança mas essencialmente deixar que a vida se apodere de um infindável eco onde nos iludimos que existem os outros e apenas fingimos que existimos!
Criamos a ilusão de que se tivermos sempre alguém que nos responda, mesmo que seja o nosso eco, seremos felizes porque nao estamos sozinhos!
Enganam-se, nem o nosso eco se resigna a estar uma vida inteira a repetir-nos!
Tudo o que não sai do coração facilmente cai no silêncio da solidão!
Solidão que nem sempre é só a nossa. Por norma levamos sempre outras vozes que foram tentando fazer eco connosco. Também elas nunca pararam para escutar com atenção e perceberem que duas vozes falavam mas o eco apenas devolve uma...a que se entregou ao vazio e optou por perder a vida e deixar-se levar insonsamente!

A vida é um milagre extraordinário por isso não podemos desertar, não podemos apenas ir estando e declinar no passar do tempo a nossa existência, temos que viver!

Há que amar quem está ao nosso lado com todas as forças e cada dia mais um bocadinho! Não existe o gosto mais ou menos! Ou se gosta ou não se gosta! Há que procurar o mais e não o menos que falsamente parece mais seguro! Os dois corações têm que bater e crescer  a dobrar não pode ficar apenas um, pequeno e sempre em esforço para transportar os dois!

Há que adorar pai e mãe e enchê-los de beijinhos e abraços! Há que dizer hoje o que se sente e não deixar para o dia quando já não ouvirmos! Há que sorrir de beiços rasgados e brilho nos olhos!
Há que chorar e deitar lágrimas de saudades e tristeza! Há que roer as unhas de nervos e ansiedade! Há que ficar com dores de cabeça de tanto gritar para marcar uma posição! Há que valorizar um pequeno almoço, uma casa a ser montada, uma cama feita! Há que no meio de uma noite entre amigos olhar em volta e ficar de coração preenchido por estar ali e os ter!
Se dermos valor ás pequenas coisas todas juntas tornam-se gigantas e só assim percebemos que somos dotados de coisas boas e que também nós, se vivermos, podemos todos os dias fazer pequenos milagres!

Resignar não é viver é ir morrendo devagarinho e matando quem está ao nosso lado!

Há que abandonar e despedir a resignação nos nossos corações e VIVER de coração aberto! Viver!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O raio que ilude ser Sol!

Adoro a vida! Adoro o que de mais extraordinário ela nos dá: as pessoas! Dá-me prazer conhecer muitas e se possível gostava de ficar amiga de mais!
 Admiro imenso a diversidade existente em cada um e interesso-me pela complexidade que é percebermo-nos e entendermo-nos! Sempre olhei para o outro com preocupação...
Um miúdo com olhar triste na rua dá-me que pensar, faz-me imaginar as mil razões para existir aquele olhar triste e perdido.
Levo comigo durante algum tempo o sofrimento que vi e senti. Carrego a vontade irracional de conseguir dar abraços sem razão, de chegar a estes que aos meus olhos me parecem desconsolados e distantes da vida!
Infelizmente não consigo! Tenho medo de me intrometer noutra vida que não a minha! Não tenho tempo, estou de passagem e o miúdo de olhar vago e disperso não é meu, é dele e da sua família! É difícil gostar do outro, é quase impossível amar puramente um outro que não é nosso e mais falso é dizer que facilmente o conseguimos fazer!
Adoro a vida e detesto a falsidade! Não vivo bem com o dito por não dito! Custa-me o fingimento!
Se assumo que não consigo estar para o outro como ele merecia, se apesar de não me conformar aceito essa falha e cobardia, porque é que parte de vocês tem de continuar a persistir na ilusão criada de que estão e estiveram sempre presentes?
Porque é que tens o descaramento de dizer que estiveste sempre presente e descaradamente vais-me cobrando essa presença?
Porque é que quase me exiges um agradecimento e louvor pelo que tu achas que fizeste?

No meu mais recente namoro por cartas recebi uma em que dizia que agradecia demais coisas que não eram mais do que obrigações! Que não tinha que agradecer tanto porque quando se faz com o coração não se espera gratidão, simplesmente faz-se!
Não me passa pela cabeça dizer e reclamar que ajudo muitas famílias, que mudei a vida de pessoas quando simplesmente vou sendo a mão que chega através de muitas outras!
É inconcebível para mim assumir que ajudo e estou presente para mascarar o peso que tenho em não ter ajudado mais, em não chegar mais longe! Em não ter estado mais presente e percebido a tempo os sinais daquela mãe que todos os dias era espancada e acabou por fugir!
Torna-se surreal quando alguém acha que se pode iludir e criar uma imagem de presença e amor quando tal não aconteceu!

Amor é o que faz uma mãe fugir e um pai trabalhar dia e noite para que os filhos acordem e tenham pão! Amor é saber, conhecer, perceber e estar!
Não existe o amar de vez em quando e aos bocadinhos quando nos apetece e dá jeito! Amar exige uma continuidade que nos faz lutar todos os dias um bocadinho para que no meio do inferno haja um raio de luz!

Há que ter consciência que não és o Sol! Foste um raio de luz que aparecias quando querias! Nos momentos de trovoada foste sempre o primeiro a esconder-te atrás do facilitismo da primeira nuvem! Quando decides aparecer e estar presente és óptimo e amigo mas mesmo perto foste desaparecendo…
Não queiras tornar-te no Sol porque te fica mal! Cais no ridículo e infelizmente escolhes a pior maneira de o fazer! Desces baixo e magoas-me! Consegues transformar-te num raio arrepiante no meio de uma trovoada! Consegues manchar o bom que fizeste e vais sendo!
Percebe, que o papel que pretendes ter foi tendo a lua de olhos verdes e nem por isso me exigiu nada!
Não quero que me ames como amas os teus, dou-me por satisfeita se simplesmente não caires na ousadia e mentira de dizeres que o fazes!
Tens uma ferida enorme no teu coração, podes dormir mal e guardares no teu silêncio inúmeras perguntas sem resposta mas não é isso que te dá o direito de me magoares porque sim!
Porque não consegues encarar as tuas fraquezas decides descaradamente atacar as minhas?

Não queiram ter o brilho de uma estrela que não é a vossa! Deixem o brilho para quem realmente merece!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Amar um homossexual!

Muitas vezes falei entre amigos, muitas vezes pensei e repensei nisto de ser heterossexual  ou homossexual! Apeteceu-me escrever sobre o assunto mas sendo um tema que causa controvérsias e divergências e do qual não tenho conhecimentos suficientes para ter mais do que a minha simples opinião e maneira de ver este mundo acabei sempre por não escrever.


Gosto de pensar nestes casos como se acontecessem a alguém ao meu lado, a alguém da minha família! E se um dia tiver um filho homossexual?
Esforço-me por tentar ver assim e contrariar o facilitismo com que falo de conhecidos, dos outros que não são os nossos! É fácil construirmos preconceitos e barreiras com outros distantes e a quem não amamos. E se forem os nossos?

Alguém me disse que se um filho fosse homossexual não o conseguiria olhar e amar da mesma maneira. Iria ficar tão triste que não ia conseguir ser o mesmo e o seu filho iria perceber e afastar-se.
Não consigo concordar com isto! Não consigo imaginar que o amor de pai ou mãe deixe de existir por isto. A leveza com que nos esquecemo-nos que somos seres diferentes  cheios de espirito e alma que dão vida ao nosso corpo é muita e fácil!

Duas pessoas por desejo e escolha decidem ter um filho! Optam os dois por gerar um ser que não pediu para nascer, vai fazê-lo porque eles assim o quiseram! Quiseram dar vida à ao amor que sentem e por isso mesmo cuidar dele, amá-lo, educa-lo e respeitá-lo!
Comprometem-se a estar sempre presentes na criação da sua obra prima! A dar-lhe as melhores tintas, as mais diversas cores os mais belos horizontes! Por amor fazem tudo para que esta vá nascendo e crescendo na melhor tela. Tentam conseguir as melhores e diversas cores para que a pintura consiga nos seus dedos ficar cada vez mais bonita e de óptima qualidade! Aprendem técnicas para quando um pincel deixar cair uma gota de tinta ou uma mão tremer, conseguirem emendar e recuperar a pintura! Compram uma moldura bonita e clássica, cheia de história e simbolismos e anseiam que o quadro que idealizaram se finalize! Tudo terá que ser perfeito! As bases são óptimas, os materiais espectaculares, a moldura extrordinariamente bonita e rara! A parede já fora escolhida e reservada há anos!

Exposição inaugurada, champanhe e aperitivos deliciosos e bem servidos! Ambiente descontraído e curioso. Mãe e pai tiram o pano que irá desvendar e mostrar a todos o enorme orgulho que têm da sua obra prima, do seu mais que tudo! O pano cai, o quadro que está na tela tão bem escolhida, na moldura tão bem polida não é o que eles queriam e esperavam! Não é o quadro que fez os convidados aplaudir e licitar, pelo contrário, entre olhares de espanto e malvadez disfarçam um grande wow !
A pintura exposta desilude as expectativas criadas. Destrói sonhos e investe contra a normalidade aceite! A pintura final mesmo não tendo sido criada pelos pais causa-lhes embaraço!
Sentimentos menos puros, como a vergonha e medo da sociedade, ganham força e quase anulam o amor que têm pela obra prima, criada e amada pelos dois!
Onde é que falharam? Nas tintas? Nas paisagens? Terão sido eles os pinceis mais fracos?
Não há falhas quando se pinta um quadro, há amor e respeito pela obra que se está a criar!  A única falha é quando se deixa de amar uma obra por ela não ser aquilo que pretendíamos!

 
Valerá a pena abandonar uma obra tão pura e bonita, uma obra que expõe toda a nossa ingenuidade e alma  só porque é diferente de nós? Só porque a sociedade não a admira e considera obra de arte?

Acho que não! Nenhuma obra deve ser abandonada e desrespeitada!
Ainda não sou mãe! Sou filha, irmã, neta, sobrinha, prima, amiga e namorada. Conheço e vivo estas maneiras de se amar o outro! Sinto-as de uma forma tão intensa que me custa muito imaginar um amor de mãe e pai morrer por isto!
Imagino que custe deitar por terra a normalidade incutida por todos nós e aceitar que temos nossa uma pintura diferente que também criticamos e recusamos ver. Custa imaginar um bailado diferente daquele que dançamos! É difícil libertarmo-nos daquilo que queremos, dos nossos medos e amarmos os nossos tal como são. Mas isso não é o que se pede de uma mãe e de um pai? Que corram o risco de criar um quadro sem saberem que pintura terá e mesmo assim amá-lo?

Tenho pena de todas aquelas pessoas que não conseguem ser felizes tal como são! Independentemente da minha educação, dos meus princípios, da minha maneira de estar e dos valores de família que tenho, não me sinto bem quando vejo pessoas infelizes!
Faz-me confusão quando deixam de o ser, não pelo peso de terem morto, roubado, drogado, vigarizado ou espancado alguém mas simplesmente porque dentro das suas diferenças não conseguem encontrar um lugar na sociedade! 
Todos temos o direito de sermos quem somos, todos temos o dever de ser felizes! Somos diferentes e na diferença não se pretende que se goste do mesmo mas que se respeite.
É fácil falarmos e afastamor-nos mas quando os outros são os nossos há que evitar tomar também a atitude mais fácil: fingir que se deixou de amar!

Há que amar e respeitar porque não nos podemos desfazer de uma obra criada e desejada por nós! A obra precisa sempre do amor e assinatura dos criadores! Afinal ser pintor é deixar-se levar pela inspiração e sobretudo amar, amar e amar a sua obra! Deixá-la andar de museu em museu, de parede em parede mas sempre com a certeza que é amada e respeitada!