sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A verdade compensa!

 Há uns tempos fui recomendada a ir a uma consulta com uma médica nova. 
Antes pesquisei na net sobre ela e todos os comentários diziam que era ótima profissional mas que muito fria e séria.Fui receosa e na expetativa de como seria. 
Na entrevista inicial sobre o meu histórico médico chegou a pergunta sobre se os meus pais são saudáveis? À qual respondi que já tinham morrido. 
A médica perguntou-me como tinham morrido? Penso que para saber se de alguma doença que pudesse ser causa de alguma das maleitas que tenho, sem rodeios nem vergonhas respondi como foi.
Ficou perplexa e a voz estremeceu ao mesmo tempo que as pestanas não paravam de abrir e fechar rapidamente enquanto eu, segura de mim, continuei calma e serena.
Cheguei a casa e comentei com o Manuel e duas grandes amigas este episódio. 
Elas conhecem tão bem a facilidade com que lido com o assunto que se riram já o Manuel, preocupado com a reação da médica achou que tinha sido desnecessário e que poderia ter inventado uma morte mais suave aos ouvidos de quem pergunta e não espera ouvir uma bomba. 
Não aceitei, defendi que nunca iria ofuscar florear sobre isso mais ainda a uma pessoa que me iria acompanhar durante anos e a quem queria confiar e ser eu à vontade.
Disse isto mas ao mesmo tempo percebi a ideia do Manuel e fiquei a remoer sobre se esta verdade tão dura deveria ser dita ou floreada.  
Quando já tinha parado de pensar se teria sido indelicada em ter dito aquela verdade volto a uma consulta onde descobrimos as duas que existiu uma enorme ligação entre as nossas famílias.
Coincidência que só foi descoberta devido à verdade que assumi, que avivou memórias e suscitou esta ligação de acontecimentos e pessoas. 
O seu bisavó deu aulas de música a alguém da minha família, o seu pai foi grande amigo do meu avô, os meus avós foram padrinhos de casamento da sua irmã e a minha médica recebeu da minha avó um par de brincos lindos.
Que mundo pequeno e tão bom!
Que recompensa extraordinária foi esta por ter dito a verdade!
A verdade que me aproximou da minha avó e que criou uma ligação tão especial entre médica e paciente.
Que bom ter chegado a alguém que os meus avós gostaram tanto e sentir que nada acontece por acaso, sentir que as minhas mães no céu me vão dando a mão sempre que preciso e encaminhado para o caminho certo.

Esta verdade,  por muito violenta que seja faz parte de mim, da minha vida e, seja com quem for e no que for deve ser assumida de forma natural.
Este episódio foi apenas uma prova simples que na verdade, seja ela qual for, crescemos e tornamo-nos melhores!
Com a verdade, cativamos quem nos rodeia e encaramos o mundo e os outros de olhos e coração abertos pois tenho em mim que vergonha é esconder verdades e viver na mentira.
Eu não tenho vergonha alguma dos que mais amo pois quando se perdoa tudo se encaixa de forma e maneira a que sejamos felizes com as nossas e verdades dos outros.

A verdade compensa!