quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Anjo da Guarda





Anjo da Guarda!

Desde pequena que me lembro de ter em cima da cama um anjo da guarda pendurado.

Sempre vivi e senti que um anjo seria alguém que zelava por mim. Que me protegia e amparava. Alguém que estaria entre Deus e as minhas imperfeições e pecados. Não teria que ser alguém divino, poderia ser de carne e osso como os avós, que recebem os defeitos dos netos e lhes dão aconchego e mimo independentemente de tudo.
O Anjo seria o enviado de Deus que por estar tão ocupado queria garantir que todos nós estávamos sobre a sua guarida. Sobre a guarda de um anjo que nos protegia!

Sei que tenho vários anjos da guarda, sinto-o! Três deles, muito especiais que não me largam!Acredito que dê o passo que der, estão comigo! Dão-me a mão, admiram-se, desiludem-se, espantam-se, alegram-se e sofrem por mim mas não deixam de estar! Não abandonam a guarda!

Não sei se sou o anjo da guarda de alguém... Sei que vivi com um exemplo enorme de dois grandes anjos e eles sim acolheram e mimaram inúmeros corações!
Eles sim, deram vidas e multiplicaram conforto. Eles sim, transformaram, mudaram e criaram famílias, deram-lhes segurança!
Eles sim, merecem uma homenagem pela fábrica de amor ao próximo que construíram!

Acredito que cada um de nós com singelas mas significantes atitudes consegue guardar a vida de outras pessoas. Com gestos, palavras e de coração aberto podemos dar o que de mais bonito temos e conseguimos mais e melhor!

Agradeço a todos os anjos que nestes anos me têm e continuam a guardar! É bom tê-los comigo e senti-los! Umas vezes através de pessoas tão queridas que tal como vocês gostam de mim e tal como vocês também me querem guardar. Outras vezes simplesmente sei que estão ali!

Para me deitar e adormecer tranquila, nada melhor do que rezar a oração que desde pequena rezo e que, tal como os anjos, também ao longo dos anos foi tendo um aconchego:

"- Anjo da Guarda, minha companhia, Guardai minha alma de noite e de dia. Guardai a alma do Pai, Mãe, Avó Zé, Avó Nini, tio Francisco, tia Lúcia e de todas as pessoas que já partiram deste mundo. Amén"

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Fui ter contigo!

Gostavas que eu estivesse lá e estive!

Levei comigo um bocadinho de ti num dos teus lenços e entre amigos e família fui feirar!
Foi fácil estar bem no meio da manga e danças no Batalha! Sem abafadinho nem ginja não fosse a lágrima cair consegui divertir-me!

De madrugada quando voltávamos para Lisboa passámos pelas tuas paredes! O Manuel quis entrar e conhecer por dentro a casa que tantas historias conta! Cedi...e fui ter contigo!
Foi um abrir de uma porta para o quase vazio, o cair de várias lágrimas e soluços há demasiado tempo travados!
Não estavas lá!!!!! As mesas e cadeiras não tinham vida, as paredes da sala desertas, a lareira apagada e ao contrário de quando lá estavas, podiamos falar normalmente pois não estava ninguém.
Deu-me a sensação de entrar numa festa que de repente é sombra, sem luz, sem bolo e confetis, sem agitação e confusão!

Muitas vezes nos disseste "Aproveitem que em acabando a macaca acabou-se a comédia!". Dizias a rir-te para te darmos valor e aproveitarmos todos os momentos bons que tão bem sabias, que sem ti, não seriam os mesmos!

Não o são! Dificilmente o voltarão a ser! Tinhas razão!
Devemos aproveitar os momentos que sabemos apenas serem conseguidos se forem com aquelas pessoas! Se forem naqueles sitios!
Ainda bem que aproveitei aquela casa contigo! Ainda bem que amigas minhas viveram aquela casa cheia de ti! Felizmente guardo memórias boas que me vão dando alento ao coração e que espero um dia conseguir transmitir a filhos e netos! Espero que também eles conseguiam fazer daquelas paredes uma felicidade e chegar perto da vida que tu eras ali!

Os tempos mudam, as vontades alteram-se e nada se volta a repetir! Sei que estás comigo e talvez por isso, ontem mesmo de coração apertado aproveitei um bocadinho com aqueles que também são teus! E gostei! :)

sábado, 3 de novembro de 2012

Não fujo de ti mas da dor de sentir a tua falta! Desculpa.



http://www.youtube.com/watch?v=jzF_y039slk

Sei que gostavas que aí estivesse...

No sítio que te enchia o coração e dava energias para o resto do ano. Onde realmente estavas e sentias em tua casa!
Filhos pelos quartos do comboio, netos e amigos pelos sótãos, netas na casa do lado com tios e amigas.

Ali via-te feliz! Era a conjucação perfeita entre o Sol e a chuva! Naqueles dias vivias e caminhavas num arco-íris. Ganhavas um brilho nos olhos e o teu sorriso de garota marota voltava!
Estavas em casa! Sem luxos e manias era ali que te sentias mais tu!
Davas o ar da tua graça na feira onde disfarçadamente admiravas aqueles que mais amavas mas surrateiramente voltavas para o teu ninho! Trocavas a confusão pela tua cadeira à lareira onde de dia e de noite éramos embalados e alegrados pelo relinchar dos cavalos! Vias quem chegava pelo meio das laranjeiras e punhas tudo a mexer!
Ao contrário de mim, ali não precisavas de abafadinhos para te aconchegarem a alma porque mesmo sem modormias tinhas casa cheia e sei que bastava isso para que o teu coração ficasse satisfeito!
Ali era fácil, ali as paredes foram pintadas com aquilo que nos junta e faz sorrir: o amor! Paredes que contam histórias e guardam tanto de Ti! Paredes repletas de dias felizes e momentos cheios de recordações fantásticas!

Sei que gostavas que aí estivesse, a esta hora já a dançar e divertida!

Eu também gostava de te ter a entrar pela porta do nosso quarto a perguntar em modo de afirmação se não iamos à missa! Quando sabias que já o galo cantava e ainda estávamos acordadas a dar os últimos passos de dança!
Talvez a missa fosse o pretexto para te certificares que o teu rebanho estava todo em casa seguro.
E o que eu não dava para ter essa sensação amarga do teu despertar! Trocava um mundo e outro para que em todas as noites pouco dormidas me chamasses para ir à missa!

Gostava de te ver ali a encher a casa com a vida que só tu lhe conseguias dar!  Da mesma maneira que um pôr do sol só é extraordinariamente bonito se for admirado naquele instante também as paredes deixavam de ser paredes e contigo ganhavam vida! Enchias e mexias com todos nós! Davas magia e emoção! E o teu tempo já passou...

Não consigo! Deixa-me ficar por aqui...a relembrar as alegrias e euforias!A gargalhada forçadamente engolida quando nos falaste a todas dos "shops" e cada vez que dizias a palavra todas em fila engolimos em seco e olhávamos para baixo para não sair um riso geral!
A laca exagerada que nos punhas no cabelo, a força com que nos apertavas a cinta, os brincos pendurados, a saia por baixo das pernas e lá iamos nós...

Vou feirar para outros sítios, onde as castanhas sejam apenas castanhas e não espere nelas matar saudades de bocadinhos teus! Onde não haja tanta coisa tua! Vou estar onde ainda possa chorar a tua ausência em segredo e assim tente fugir destas saudades avassaladoras que teimam em ficar e ficar!
Deixa-me desta vez ir pegando o touro devagarinho porque é insuportavel procurar por ti e não te encontrar!
Deixa-me ser fraca e fugir de ti! Ter medo de te procurar e não te encontrar!
Aquela casa eras tu e tem tanto de ti que ir ter com o vazio ainda é impossivel para mim! Ainda não sei parar de pensar em ti! Ainda não sei parar de te ver em tudo! Não vou parar de te amar...mas não consigo!

Não fujo de ti mas da dor de sentir a tua falta! Desculpa.