quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Saudades da Ternura...

Com afecto alguém comprou aquela Nossa Senhora da Ternura que delicadamente pegava ao colo o seu filho. Alguém vos ofereceu esta escultura pintada a branco e ainda hoje está na sala a olhar por nós.

Felizmente vivi com muita ternura. Nem sempre foi fácil chegar à meiguice mas quando a conseguimos foi extraordinário. Como tudo o que é fabuloso exige dedicação e tempo também entre nós a ternura para ser alcançada nos pediu tempo e espaço, paciência e conhecimento.
Com carinho tudo foi surgindo, tudo foi ganhando sentido. Entre frieza e dureza surgia um mimo, um aconchego que com amizade e erros fomos aprendendo juntos a sermos queridos. Cheios de benevolência começámos a perdoar em vez de desculpar e fraternamente passámos a amar em vez de adorar!

É fácil identificá-la! A ternura sente-se no tom de voz, na maneira querida e simpática como dizemos um bom dia ou boa tarde. Evidência-se num pequeno gesto e deixa-se descobrir num olhar profundo, brilhante e acolhedor.

Um beijinho de boa noite tem que ser dado enternecidamente para que os sonhos também o sejam.  O coçar de uma cabeça merece ser feito com simpatia e o desenrolar de linhas entre agulhas nas mãos de uma avó deve ter dedicação e carinho.
Ter ternura é entender com subtileza e fraternamente o outro. É sermos meigos quando ouvimos um problema e gentilmente darmos a mão ao cair de uma lágrima. É despedirmos alguém com a compaixão necessária para que no meio de toda a revolta e tristeza a pessoa se sinta digna e respeitada.

Ainda estou a crescer e faz-me falta a vossa ternura! Sinto saudades das camisolas de interior feitas por Ti, da ternura com que deitava a cabeça no teu colo e me davas festinhas! Sinto falta do amor com que simplesmente perguntavas se estava bem? Preciso da tua terna preocupação comigo.

Talvez o próximo investimento seja uma Nossa Senhora da Ternura igual à que vos demos! Talvez na minha sala também ela olhe mais por mim e me aconchegue nestes dias de chuva que puxam tanto às saudades e mimos.
Talvez ao tê-la ali cada vez que sentir falta e saudades as consiga preencher com a Graça de já ter tido ternura e assim rezar por todos os que infelizmente a desconhecem e por isso nem a reclamam.

Espero um dia conseguir ser ternurenta e ter esse brilho nos olhos de vez em quando!