Há sonhos impossíveis de realizar, pedidos impossíveis de alcançar!
Em pequena foram várias as vezes em que sonhei que os meus pais interrompiam o meu sono irrequieto e calmamente entravam os dois pelo meu quarto!
A primeira sensação era de que até aquele momento tudo tinha sido ficção! Estavam vivos e por alguma razão teriam estado escondidos! No meu imaginário teriam aguentado todo o tempo sem me ver apenas para me surpreenderem, apenas para passarem a porta e invadirem os meus pesadelos tal raio de sol que espreita entre as portadas da janela.
O meu coração palpitou inúmeras vezes longos minutos, o meu sossego esquecia o desassossego constante e o meu espírito e alma sorriam! Nesses segundos, que transformaria em eternidade, dormia numa suave nuvem de algodão embalada por ternas mãos. Eles não se chegavam o suficiente e eu não saia da cama mas vi-os ali a olhar para mim, sentia-os perto!
A vontade de os ter comigo de os querer ali perto de mim era tal e em demasia que não me permitia acreditar que já não estavam!
O meu subconsciente brincava com o meu consciente ainda demasiado novo e criança para duvidar do quer que seja! E neste jogo de escondidas foram-me pregando estas partidas e dúvidas terríveis!
Permitiam-me minutos de alegrias explosivas e retiravam-mas em milésimos de segundos! Foram ilusões repetidas tantas e tantas vezes que pareciam reais!
Chorei e chorei todas as vezes em que abri os olhos e na porta não estava ninguém!
Chorei e chorei quando percebi que na nossa realidade os mortos não jogam às escondidas para fazer “surpresa”!
Chorei e chorei quando aos poucos e todos os dias parte de mim se ia apercebendo e interiorizando do que era e é a morte!
Chorei e chorei cada vez que sentia que perdera alguém que me ama e amo!
Chorei e choro!
Com cada lágrima escorrida cresci e aprendi!
Aprendi a lidar com todas estas partidas e jogos e percebi que é essencial ter tudo no consciente!
É necessário encararmos os factos da nossa vida mesmo que estes nos façam chorar e chorar!
Torna-se imprescindível conhecermo-nos e percebermos a razão de cada lágrima pois entre linhas e laçarotes e por muito que se fuja somos sempre descobertos!
Voar a achar que tenho asas?
Seria um risco!
Aprendi a sonhar! A viajar entre nuvens que me deem oportunidades de matar saudades! A alimentar sonhos que me permitam voar! A saber o que tenho e onde devo e posso planar! A ser feliz com que a minha falta de asas me permite viver e sentir! Sobrevoo o que me agrada e sem dúvida que aterro na aposta que todos os dias faço, em mim!
Realista ou ilusionista?
A maioria das vezes realista com a necessidade de ténues explosões de ilusão!
Sonhadora?
Sempre!